Relata a experiência acerca da estruturação de ações para a inserção da cultura de segurança no cuidado pediátrico ortopédico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde a segurança do paciente corresponde à redução do risco de danos desnecessários associados à assistência em saúde até um mínimo aceitável. Tal apontamento se justifica, pois na área da saúde os riscos são inerentes ao processo de trabalho e observa-se grande incidência de danos ao paciente, que podem acarretar um prolongamento do tempo de internação, lesões permanentes ou até mesmo consequências letais ao ser humano.
No ano de 2013, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente, por meio da Portaria MS/GS nº 529/2013, cujo objetivo geral se volta à qualificação do cuidado em saúde com prioridade à segurança do paciente e o propósito de melhorar a qualidade do cuidado no país. Logo, se estabelecem seis Metas de Segurança do Paciente, a saber: 1 – Identificação correta do paciente; 2 Melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde; 3 – Segurança Medicamentosa; 4 – Cirurgia Segura; 5 – Controle de Infecção e 6 Reduzir o risco de queda e lesão por pressão.
No cenário pediátrico, a assistência à saúde tem sua complexidade potencializada por envolver fatores específicos ligados à faixa etária, como diferentes estágios de crescimento e desenvolvimento e a dependência no autocuidado, o que torna este público mais propenso ao erro, justificando a necessidade de barreiras de proteção fortalecidas para evitar que a falha atinja à criança. Ademais, a dificuldade de identificar perigos e reconhecer limites, podem intervir no processo saúde-doença da criança, e tornar este público mais vulnerável. Essas características possibilitam eventos adversos durante a assistência à saúde pediátrica, e por colocar em risco a vida, merecem a atenção dos enfermeiros na busca por um cuidado mais seguro.
Diante desta realidade, o profissional de saúde se apresenta como importante barreira de proteção com o propósito de mitigar riscos e danos. Logo, deve criar meios para ser capaz de lidar com as reais necessidades da criança, imbuído de uma Cultura de Segurança definida como o conjunto de valores, atitudes e competências que determinam o comprometimento com a segurança, onde a punição é substituída pela oportunidade de se aprender com o erro e melhorar a assistência. Neste sentido, a cultura individual com caráter punitivo, é modificado por uma cultura justa e organizacional relacionada a todo o processo do cuidar em saúde.
A equipe profissional necessita de capacitação no que concerne à Cultura de Segurança, entendendo que não basta apenas expertise técnica para o cuidado pediátrico, mas sim sensibilidade, empatia e compreensão das reais peculiaridades que cabem a esta faixa etária, com responsabilização sobre a qualidade do cuidado, para que de fato a segurança seja incorporada nas atividades assistenciais diárias.
O enfermeiro por ser o profissional que faz a conexão entre o sistema e o paciente em diversas dimensões no processo do cuidar, tem a possibilidade de implementar ações assertivas para a promoção da qualidade e segurança do paciente. Desta forma, a justificativa para a escolha do profissional de enfermagem que trabalha com o público pediátrico, se deve as peculiaridades e a necessidade de barreiras de proteção efetivas, que tornem este público vulnerável, menos propenso à erros assistenciais.
Este estudo foi motivado pela experiência como enfermeira gestora e assistencial do Serviço de Pediatria, por vivenciar as peculiaridades inerentes a esta faixa etária e reconhecer a necessidade de barreiras de proteção para evitar que o erro aconteça. Posto isto, surgiram as seguintes inquietações: Como criar barreiras para a proteção da criança / adolescente? Como inserir a Cultura de Segurança, de fato nos cuidados diários da enfermagem pediátrico ortopédico com vistas à qualidade no cuidado à saúde?
A justificativa para o gerenciamento do cuidado com foco na Cultura de Segurança Pediátrico, se deve as condições específicas que cabem a esta faixa etária e a necessidade de barreiras de proteção efetivas para que este público, se torne menos propício a erros potenciais. A relevância da experiência se dá pela proposta de implementação de ações como uma nova prática no cuidado pediátrico, em uma perspectiva preventiva para evitar que o erro atinja a criança através da inserção da Cultura de Segurança no cuidado diário de saúde. Logo, o objetivo do estudo é relatar a experiência acerca da estruturação de ações para a inserção da cultura de segurança no cuidado pediátrico ortopédico.