Analisa os pilares da Sistematização da Assistência de Enfermagem e seus elementos constituintes.
A expressão contemporânea da organização do trabalho profissional da enfermagem brasileira tem sido associado à Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), enquanto o Processo de Enfermagem (PE) tem sido associado à orientação do cuidado e ao consequente registro − ou seja, a documentação clínica da assistência de enfermagem prestada. No que concerne à temática da SAE e ao uso do termo, ele tem sido associado a outros termos, como “Consulta de Enfermagem, Metodologia da Assistência de Enfermagem, Metodologia do Cuidado de Enfermagem, Planejamento da Assistência de Enfermagem, Processo de Assistência de Enfermagem, Processo de Atenção em Enfermagem, Processo de Cuidar em Enfermagem, Processo de Enfermagem e Processo do Cuidado de Enfermagem.
Esta profusão de termos e, por consequência, a confusão de conceitos que se suscita levam a dificuldades de entendimento do que seja propriamente a SAE e, sobretudo, a atribuição de seus significados, quando considerada na prática – a organização do trabalho profissional, de que trata o marco legal que a regulamenta.
A resolução normativa apresenta a SAE a partir dos pilares Método, Pessoal e Instrumentos, os quais organizam o trabalho profissional, tornando possível a operacionalização do PE. Já este é apresentado como instrumento metodológico que orienta o cuidado profissional de enfermagem e a documentação da prática profissional. O PE, na mesma resolução, estar bem definido sobre cada uma de suas fases (histórico, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação) − diferentemente dos pilares da SAE (método, pessoal e instrumentos), em que apenas citam-se tais termos, sem aprofundamento conceitual e operacional, dificultando a compreensão e utilização destes, quando considerada a organização do trabalho profissional nos diversos contextos assistenciais.
Ainda, identifica-se, na literatura, o PE como um dos elementos que integra o pilar Método da SAE, emergindo a conotação de subordinação à SAE. Tal perspectiva acaba por enfatizar os aspectos gerenciais – organização do trabalho profissional, minimizando a pertinência da implementação do PE e suas implicações clínicas na produção do cuidado, emergindo a premência do PE ser enfatizado, no Brasil, como algo independente e basilar na produção do cuidado de Enfermagem, e não subentendido como subordinado a SAE. Parece razoável inferir que a SAE existe em função do PE e para subsidiar sua implementação, e não ao contrário.
Como pressuposto motivador desta reflexão, tem-se que a SAE representa juntamente com seus três pilares e elementos constituintes, fenômeno distinto do Processo de Enfermagem e suas cinco etapas, fases ou componentes.
Assim, o estudo foi guiado pela questão: Que elementos constituem cada pilar da SAE? O estudo tem como objetivo analisar os pilares da Sistematização da Assistência de Enfermagem e seus elementos constituintes.
Estudo teórico, reflexivo, que adotou, para o alcance do objetivo, três categorias analíticas: Método, Pessoal e Instrumentos. Os textos selecionados que suportam esta reflexão, são parte da literatura que subsidiou a elaboração do projeto de tese intitulado Significados atribuídos a Sistematização da Assistência de Enfermagem: implicações para o cuidado em saúde. Selecionou-se material produzido no Brasil, já que é um tema da cultura dessa realidade.
A discussão acerca dos pilares da Sistematização da Assistência de Enfermagem, bem como os elementos constituintes destes, podem possibilitar melhor compreensão conceitual e operacional, quando considerado a organização do trabalho profissional de Enfermagem.