A Segurança do Usuário no Transoperatório de Cirurgia Eletiva

15 de agosto de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa os registros de cuidados ligados à segurança em prontuários de pacientes submetidos a cirurgias eletivas.


Muitos desafios são percebidos no atual contexto das cirurgias, entre os quais as ações de qualidade e segurança pautadas na gestão de risco e o aumento da capilarização dos processos de melhoria da qualidade e segurança para consolidar a implantação das iniciativas tomadas.

Segurança do paciente. Foto: Divulgação.

Partindo-se do pressuposto de que muitos cuidados ligados à segurança do usuário cirúrgico são executados, sem, contudo, serem registrados em prontuários ou seguirem um protocolo de segurança, o objetivo deste estudo foi analisar os registros de cuidados ligados à segurança em prontuários de pacientes submetidos a cirurgias eletivas.

Trata-se de um estudo quanti-qualitativo, realizado em três hospitais gerais de um município de médio porte do noroeste do Paraná. A amostra foi constituída por 653 prontuários de pacientes submetidos a cirurgias eletivas, em 2012, selecionados mediante amostragem estratificada proporcional.

Para a coleta de dados utilizou-se um instrumento próprio. Pautando-se na Lista de Verificação de Cirurgia Segura (LVCS), proposta pela Organização Mundial da Saúde, e no referencial de processo de Donabedian, na análise quantitativa utilizou-se a estatística descritiva com o uso de frequência simples e proporcional e testes de associação, e a análise qualitativa baseou-se na análise documental.

Os resultados que em nenhum dos três hospitais a Lista de Verificação de Cirurgia Segura estava sendo utilizada como forma de registro institucional. Perceberam-se divergências nos formulários ali utilizados quanto à organização das informações em relação à lógica proposta pela LVCS, pois mesma, já que neles não havia sequência para conferência e preenchimento das informações relevantes para cada um dos três momentos críticos da assistência cirúrgica. Quanto ao perfil, majoritariamente os dados destacaram: a idade média entre 44,6±21,0 anos; o sexo feminino; como principal especialidade médica a cirurgia geral; o uso de anestesia geral; baixa permanência no setor de recuperação pós-anestésica; tempo de cirurgia inferior a uma hora; uso de sala operatória entre uma e duas horas e o tempo de internamento entre um e dois dias; em 70,4% o tempo de internação pré-operatória foi inferior a 24 horas; um hospital utilizava etiqueta de identificação; nenhum deles realizava demarcação de sítio cirúrgico. Quanto ao registro das variáveis de segurança, destacou-se: quanto à avaliação do estado físico dos pacientes, a avaliação de vias aéreas com classificação de Mallampati em 55,7%, sendo 11% sugestivos de intubação difícil; 45,2% com classificação de ASA 1; 69,7% de profilaxia antimicrobiana realizada no momento da cirurgia, e 3,2% uma hora antes da incisão; 99% de antissepsia do campo cirúrgico; lacunas de informação quanto à tricotomia; 1,3% de problemas com materiais e equipamentos.

Conclui-se que a assistência em cirurgias eletivas acompanha as tendências tecnológicas e de segurança na assistência à saúde, mas nem todos os recursos tecnológicos e científicos, como a própria Lista de Verificação de Cirurgia Segura, estão sendo suficientemente utilizados em prol da segurança em transoperatório. E há relação entre as variáveis de segurança e condições estruturais e de processo de trabalho desenvolvido nos hospitais, evidenciando fragilidades e lacunas à luz das atuais diretrizes nacionais de segurança.

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