Segurança da Assistência no Perioperatório: Integração de Uma Complexa Rede Intra-hospitalar

27 de maio de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa a segurança da assistência no perioperatório na visão de profissionais que atuam no ato anestésico-cirúrgico.


A segurança da assistência no perioperatório é promovida tanto por meio de atores não humanos (como checklist, materiais e equipamentos) quanto pela prática dos diversos atores humanos da rede intra-hospitalar.

Adesão às Medidas Para Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico no Perioperatório

Foto: Divulgação / Internet.

Objetivou-se analisar a segurança da assistência no perioperatório na visão de profissionais que atuam direta e indiretamente no ato anestésico-cirúrgico, focalizando a conexão dos diferentes atores da rede intra-hospitalar. Trata-se de um estudo de caso de natureza qualitativa em que participaram 32 profissionais que atuam no centro cirúrgico e nas unidades assistenciais e de apoio ao ato anestésico-cirúrgico. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado e observação.

Os dados foram analisados empregando-se a técnica da Análise de Conteúdo Temática. Os resultados da pesquisa foram agrupados em três categorias: Rede intra-hospitalar para o perioperatório em um hospital público referência para urgências e emergências e de ensino; Situações de segurança e de insegurança nos procedimentos cirúrgicos; e Lista de verificação de segurança cirúrgica: da aparente simplicidade a real complexidade. Na primeira categoria observou-se uma mistificação do Centro Cirúrgico pelos profissionais que atuam internamente e externamente a este setor. A rede intra-hospitalar foi considerada vital, porém encontra-se fragmentada e a maior parte dos participantes não tem uma visão sistêmica de todas as fases do perioperatório. Na segunda categoria, apresentaram-se situações de segurança e insegurança no cotidiano da assistência cirúrgica e como as pequenas ações resultam em grandes incidentes cirúrgicos.

Emergiram quatro dimensões mínimas, imprescindíveis, inter e co-dependentes para a segurança da assistência cirúrgica: condição estrutural, processos de trabalho, características do paciente e atitudes profissionais. As cirurgias de urgência e emergência foram consideradas os procedimentos mais inseguros, devido ao fato da demanda ser imprevisível e por exigir tomada de decisão e ações rápidas. Observou-se uma cultura ainda não solidificada para tratar os erros e incidentes. O preenchimento do checklist no hospital estudado se mostrou como um processo mecânico que, como tal, não tem conseguido ser barreira para os incidentes. Foi implantado por um pequeno grupo de profissionais, não sendo amplamente divulgado e não houve sensibilização para o envolvimento e a adesão ao checklist.

O preenchimento de forma coletiva e a sua valorização pelos profissionais que atuam direta e indiretamente em sala operatória é um desafio. Para tanto, dentre outras ações, deve-se formular e executar estratégias de envolvimento de um número maior de profissionais da rede intra-hospitalar, considerar a aplicação do checklist em um contexto complexo que é a sala operatória e desmistificar a simplicidade do uso do checklist, uma vez que isso interfere na efetividade de sua utilização.

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