Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho

22 de fevereiro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

A saúde do trabalhador deve ser pensada antes do adoecimento, buscando substituir um modelo curativo e assistencialista por uma lógica preventiva.


A preocupação com a saúde dos trabalhadores deveria ser central nas organizações. Contudo, o que se vê é uma inversão da lógica proposta pelas ciências da saúde: as ações organizacionais estão muito mais atreladas a uma lógica curativa e assistencialista – espera-se o trabalhador adoecer para só então intervir. E mesmo quando existem ações preventivas, elas são desconectadas da realidade de trabalho e muitas vezes não há preocupação com o que, no contexto de trabalho, causam ou potencializam o adoecimento. A pergunta que deve ser feita pelos gestores é: “o que é que está causando esse adoecimento?”. Para propor ações que sejam efetivas para a saúde do trabalhador, é necessário pensar o que causa ou poderá causar o adoecimento. Historicamente nas organizações essa investigação de causas parece ter sido negligenciada.

Riscos-Psicossociais

A proposta é que a saúde do trabalhador seja pensada antes do adoecimento, buscando substituir um modelo curativo e assistencialista por uma lógica preventiva. Faz-se necessário que as práticas sejam refletidas e discutidas não somente com uma visão tecnicista, mas principalmente no nível de políticas de saúde, que envolvam todos os níveis organizacionais – gestores, chefias, subordinados.

Um ponto de partida para práticas preventivas são as pesquisas e diagnósticos organizacionais. A compreensão da relação saúde e trabalho envolve o entendimento e conhecimento de diversas dimensões organizacionais – cultura, valores, clima, contexto de trabalho, qualidade de vida no trabalho, dentre outras. Os resultados de pesquisas funcionam como “mapas”, no sentido de orientar a elaboração de práticas mais adequadas ao contexto organizacional.

Este livro está organizado em duas partes. Na primeira, apresenta-se o modelo teórico que compõe a base do PROART. Em um segundo momento, será apresentada a última estrutura fatorial proposta e algumas considerações para a interpretação dos resultados. Espero que a leitura seja agradável e que possa auxiliar estudantes e profissionais que estejam legitimamente interessados na luta por condições dignas de trabalho e vida a trabalhadores e trabalhadoras – e que a critica seja o guia para uma possível descolonização da subjetividade e das ciências.

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