Destaca a relevância da gestão das chefias de Enfermagem para a construção de ambientes éticos, em que o usual silêncio sobre os problemas éticos vivenciados seja substituído pela liberdade de enfrentá-los.
A formação profissional da enfermagem, nas diferentes disciplinas, nos conteúdos e práticas desenvolvidas, está sempre dirigida para a importância de uma prática ética, o que pode implicar, na vida profissional, um permanente enfrentamento de problemas éticos. Nós, enfermeiras, comumente, nos construímos como profissionais, acreditando e formando expectativas de que seremos respeitadas integrantes da equipe de cuidados de saúde, uma equipe dedicada ao cuidado holístico centrado no paciente.
A profissão de enfermagem promove expectativas para as enfermeiras aderirem aos ideais e normas éticas da profissão. Esses ideais e normas constituem o coração da enfermagem. A prática de enfermagem é inerentemente uma prática ética e de tomada de decisões éticas. Assim, quando vivenciamos a desvalorização dessas perspectivas, em ambientes que parecem não valorizar as necessidades dos pacientes, experimentamos um constrangimento da nossa agência moral, experienciando sofrimento moral (SM). Agência moral entendida como a capacidade de intervir moralmente no mundo.
A prática da enfermagem não ocorre em um vazio, isolada do seu contexto. Os trabalhadores da enfermagem. Profissão histórica e socialmente construída, estão inseridos em ambientes também social e historicamente construídos, com diferentes culturas organizacionais, em permanente interação com o ambiente e com outros profissionais da área da saúde, usuários, familiares, com diferentes valores, crenças, costumes.
Em texto publicado por Liaschenko e Peter, Fostering nurses’ moral agency and moral identity: the importance of moral community, no final de setembro de 2016. As autoras afirmam que o mais desafiante problema moral do século XXI será a relação entre o agente moral individual e as instituições em que esse agente está inserido: a relação entre o trabalhador e a instituição. Assim argumentam, ainda, que as instituições de cuidado em saúde podem ser comunidades morais. Afetando profundamente o trabalho. A identidade moral e a agência moral dos que ali trabalham. Inclusive as enfermeiras. Contudo mais adiante, afirmam que “as instituições de cuidado em saúde são organizações complexas com múltiplos objetivos. Alguns dos quais são inerentemente conflitantes e opostos ao bem moral do bem-estar do paciente”.