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Fatores Associados à Adesão a Terapia Imunossupressora Em Indivíduos Transplantados Renais
20 de março de 2023 por filipesoares Imprimir
Analisa os fatores associados à adesão a terapia imunossupressora em indivíduos transplantados renais.
O transplante renal é a modalidade de tratamento da Doença Renal Crônica (DRC) que proporciona maior sobrevida e melhora nos indicadores de qualidade de vida, além de estar associado com a redução de custos em saúde em longo prazo. É um procedimento cirúrgico no qual o órgão saudável de um doador, falecido ou vivo, é implantado na cavidade abdominal de um portador de DRC, denominado receptor.
Fatores Associados à Adesão a Terapia Imunossupressora Em Indivíduos Transplantados Renais. Foto: Divulgação.
No Brasil, aproximadamente 126 mil indivíduos estão em diálise, dos quais 31.226 aguardam em lista de espera para transplante. São poucas as contraindicações para o transplante renal, no entanto, o procedimento exige histocompatibilidade, a qual é avaliada por meio da tipagem de Antígenos de Leucócitos Humanos (HLA). Há influência direta do HLA na sobrevida do enxerto renal, de forma que em transplantes com HLA distintos a sobrevida do enxerto é 17% menor em comparação àqueles de doadores idênticos, o que requer um esquema imunossupressor mais agressivo.
A terapia imunossupressora é iniciada antes do procedimento cirúrgico e se mantém enquanto houver função do enxerto, exigindo rigorosa adesão ao tratamento. Sem imunossupressão eficaz, há maior probabilidade do receptor apresentar resultados clínicos desfavoráveis, uma vez que esses medicamentos são responsáveis por evitar a rejeição e, consequentemente, pelo aumento da sobrevida do órgão transplantado e do receptor.
Terapia Imunossupressora
A adesão à terapia imunossupressora é um dos fatores que contribui para o sucesso do transplante. Para a Organização Mundial de Saúde (
OMS), a adesão é a correspondência entre as recomendações de um profissional de saúde e o comportamento de um indivíduo diante delas, incluindo ingestão de medicamentos, mudanças na dieta e no estilo de vida. Contudo, em países desenvolvidos, a adesão à terapia de longo prazo é, em média, de 50%, sendo ainda mais baixa em países em desenvolvimento.
Os principais fatores associados a não adesão a terapia imunossupressora são a incerteza quanto à composição das drogas, os efeitos colaterais, as dificuldades de acesso e vínculo fragilizado com os profissionais de saúde, além do esquecimento para tomar os medicamentos, condições econômicas desfavoráveis, entre outros. Esses fatores predispõem a não adesão em indivíduos transplantados renais, culminando com desfechos desfavoráveis em saúde, uma vez que os imunossupressores exercem influência direta no preparo e na manutenção da função renal do enxerto.
Para avaliação da função renal, se utiliza a mensuração da creatinina sérica, depuração de creatinina por coleta de urina durante período específico, Taxa de Filtração Glomerular (TFG) a partir da dosagem da creatinina sérica, entre outros. Níveis elevados de creatinina entre receptores de transplante de rim não aderente à terapia imunossupressora demonstra o comprometimento da função renal quando ocorre descumprimento do regime terapêutico.
Uma metanálise demostrou que a chance de falência do enxerto aumenta sete vezes em indivíduos considerados não aderentes. O não cumprimento do regime terapêutico acarreta em perda do enxerto renal, adoecimento, necessidade de internação hospitalar e retorno às terapias dialíticas, tornando o tratamento mais oneroso. Além dos custos financeiros, há ainda as repercussões emocionais enfrentadas, decorrentes das internações recorrentes e possível retorno para fila de transplante.
Considerando a complexidade de fatores que interferem na adesão ao tratamento imunossupressor e a elevada prevalência de indivíduos não aderentes à terapia prescrita, responsável por grande incidência de rejeição do enxerto, este estudo teve como objetivo analisar os fatores associados à adesão a terapia imunossupressora em indivíduos transplantados renais.