Avalia o conhecimento de enfermeiros de um hospital universitário sobre bactérias multirresistentes.
As infecções hospitalares causadas por bactérias multirresistentes é um dos grandes problemas de saúde pública mundial. A enfermagem ocupa papel de destaque na elaboração de estratégias no seu controle e prevenção pela sua importância na assistência ao paciente e pelo desenvolvimento de suas ações poderem implicar na disseminação desses patógenos. O objetivo deste estudo é avaliar o conhecimento de enfermeiros de um hospital universitário sobre bactérias multirresistentes.
Estudo transversal, descritivo e quantitativo realizado de julho de 2016 a março de 2017. Os profissionais responderam a um questionário semiestruturado, desenvolvido pelos pesquisadores e atendendo às recomendações nacionais e internacionais sobre o tema, visando a obter informações que indicassem o grau de conhecimento do participante. Foram arrolados 109 enfermeiros assistenciais e como critérios de pesquisa, atuar em unidades em que a população de pacientes é mais vulnerável a infecções por bactérias multirresistentes e nas áreas de maior concentração desses profissionais. A análise estatística foi realizada com auxílio do programa Statistical Package for the Social Sciences.
Os conhecimentos sobre o tema adquiridos na graduação foram considerados insuficientes por 72,5% dos enfermeiros, por ter sido a abordagem superficial e fragmentada. No ambiente de trabalho as origens mais importantes de informações e recomendações provém do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, outros profissionais e chefia. A educação em serviço foi citada como a principal atividade institucional para ampliação do conhecimento, com maior participação dos graduados anterior a 2005. O conhecimento de casos identificados de bactérias multirresistentes nas unidades de trabalho foi citado por 108 entrevistados, sendo as três mais citadas enterobactérias gram-negativas. Relacionadas as definições básicas do tema, a imunossupressão foi considerada o principal fator de risco às bactérias multirresistentes, com 74,3% das respostas. Responderam corretamente sobre o modo de transmissão dos microrganismos, 34,9% dos entrevistados. Na admissão dos participantes na instituição, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar disponibilizou treinamento sobre o tema para 27,5% e para 62,4% no decorrer da atividade profissional. Os recursos mais frequentes na prevenção da disseminação de bactérias multirresistentes foram: isolamento (44,0%), uso adequado de equipamentos de proteção individual (38,5%) e higienização de mãos (30,3%). As dificuldades para atender as medidas preventivas recomendadas foram a falta ou abastecimento irregular de insumos (57,5%), não adesão às recomendações de prevenção pelos diversos profissionais (28,8%), problemas relacionados à estrutura física (23,8%), entre outros. A sugestão mais citada para aprimoramento sobre o tema, foi a realização pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar de cursos e treinamento para a equipe multiprofissional (53,9%).
Os dados obtidos permitem sinalizar o insuficiente preparo e treinamento para o enfrentamento desse problema. Foram apontados motivos para esse despreparo pela insuficiência de conhecimento na graduação, pelas recomendações sobre os patógenos na admissão na instituição serem limitadas e durante o exercício profissional as orientações não obedecem a um planejamento sistematizado. Os dados também indicaram o conhecimento limitado relacionados aos conceitos básicos do tema, fator que influencia na adesão às medidas de controle da disseminação das bactérias multirresistentes. O melhor desempenho do profissional frente a disseminação dessas bactérias pode ser incrementado com maior ênfase do tema na graduação, assim como, mais investimento nos processos de treinamento na admissão e no decorrer da atividade profissional. O resultado deste estudo serve como orientador de medidas para melhor compreensão da necessidade do conhecimento do tema pelos enfermeiros da instituição.