Enfermagem Forense: Atuação do Enfermeiro nos Serviços de Emergência Frente às Vítimas de Violência

15 de agosto de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa a atuação dos enfermeiros para o recolhimento, identificação e preservação de vestígios no momento do atendimento nas emergências à vítima de violência.


Com o aumento dos agravos da criminalidade, emerge a demanda por aprimoramento das técnicas das ciências forenses para desvendar, compreender e explicar atos criminosos e o comportamento criminal da violência humana. Neste sentido, as informações contidas nos vestígios têm a necessidade e importância de chegarem com qualidade aos órgãos de investigação.

Foto: Cofen.

Os serviços de emergência são os principais locais aonde chegam pessoas vítimas de violência, sendo que os profissionais de enfermagem estão na linha de frente no atendimento a estas pessoas. Na articulação entre o sistema de saúde e o sistema jurídico para a preservação de direitos do ser humano, a Enfermagem Forense relaciona a junção da ciência forense com a possibilidade de participação na prática e no conhecimento científico que o enfermeiro utiliza diariamente em seu âmbito de trabalho.

Objetivo Geral: analisar a atuação dos enfermeiros para o recolhimento, identificação e preservação de vestígios no momento do atendimento nas emergências à vítima de violência. Objetivos Específicos: identificar se existem protocolos específicos nas instituições a respeito da atuação para profissionais em atendimento a esse tipo específico de vítima quando dão entrada no sistema de saúde; descrever as qualificações que a enfermagem tem no recolhimento, identificação e preservação de vestígios, assim como no atendimento à vítima de violência e delinear quais as ações dos profissionais de enfermagem durante o atendimento na emergência à vítima de violência.

Metodologia: estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado em dois hospitais públicos no município de Florianópolis/SC, um dos hospitais é referência em vítimas de violência sexual e o segundo hospital conta com serviços de emergência geral, sendo ambos, referências para atendimento a vítimas de violência. Os participantes da pesquisa foram enfermeiros membros da equipe multiprofissional que atuam na emergência dos respectivos hospitais. Os dados foram coletados mediante entrevista semiestruturada.

Os resultados foram divididos em dois manuscritos. No primeiro, foi analisado as qualificações dos enfermeiros que trabalham nas emergências dos hospitais quanto ao recolhimento, identificação e preservação de vestígios no momento do atendimento à vítima de violência. É notória a participação da enfermagem nesses cenários de atendimentos, no entanto é necessário que novos estudos possam ser realizados e explorarem mais a área de Enfermagem Forense nas emergências nos hospitais Brasileiros. No segundo manuscrito foi analisado as percepções, ações e estruturas das equipes de enfermagem que trabalham nas emergências dos hospitais quanto ao recolhimento, identificação e preservação de vestígios no momento do atendimento à vítima de violência. E, pode-se identificar a necessidade do desenvolvimento profissional e que os mesmos estejam melhores habilitados a realizarem a preservação e recolhimento de vestígios quando necessários.

O estudo conclui que as competências dos enfermeiros no recolhimento, preservação e identificação de vestígios no ato do atendimento às vítimas de violência na emergência, precisam ser melhores organizados, estruturados e padronizados. Devido ao fato de que as duas instituições atendem demandas específicas de violência, observou-se a diferença nas ações de enfermagem e na presença de protocolos institucionais orientadores para atendimentos específicos de vítimas de violência. Apesar dos participantes se considerarem aptos a realizar os atendimentos de acolhimento às vítimas, paradoxalmente, os mesmos relataram que não se sentem preparados e nem com técnicas forenses suficientes quando as mesmas são necessárias, devido ao fato das técnicas forenses necessitarem de habilidades e treinamentos específicos para manter a cadeia de custódia. Há uma lacuna no processo de ações dos adequados encaminhamentos das vítimas a serviços de referência. O protagonismo da enfermagem forense no Brasil precisa de maior delineamento e visibilidade.

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