Descreve saberes e práticas realizadas por pessoas com úlcera venosa no cuidado da lesão.
A úlcera venosa (UV) apresenta etiologia e fisiopatologia intimamente relacionada com a hipertensão venosa crônica, a qual é causada pela insuficiência venosa crônica e é originada por um ou mais fatores como obstrução venosa, incompetência valvular e falência do músculo gastrocnêmio.
Geralmente, a UV se manifesta no terço inferior dos membros inferiores e apresenta como sintomas frequentes a sensação de peso, dor e prurido nas pernas; a cicatrização pode evoluir de seis semanas a vários anos e apresentar elevada taxa de recidiva.
As úlceras venosas são mais comuns em mulheres e em idosos – a idade avançada é um dos principais fatores de risco primários, para além da obesidade, úlcera prévia, trombose venosa profunda e flebite.
Estima-se que a UV afeta 1% da população geral e que a sua prevalência aumenta para 4% em pacientes com mais de 80 anos. No Brasil, os registros epidemiológicos de incidência e prevalência de de úlcera venosa são escassos; alguns autores estimam que aproximadamente 3% da população brasileira tenha úlcera de perna, dado que se eleva para 10% em pessoas com diabetes.
Esse tipo de ferida requer atenção especial por exigir longo período de tratamento, afetar negativamente a qualidade de vida dos pacientes, além de gerar perda de produtividade e um importante ônus financeiro aos serviços de saúde devido ao alto custo do tratamento.
A abordagem à pessoa com UV requer uma terapêutica multidisciplinar que abrange ações farmacológica e educativa, visto que é indispensável atuar sobre a causa subjacente da ulceração e os fatores que a exacerbam a fim de promover a cicatrização e prevenir recidivas.
A cicatrização de feridas é um processo dinâmico e multifacetado devido à complexidade dos eventos moleculares, celulares e dos fatores que a retardam. A dificuldade no reparo tecidual e as altas taxas de recidivas estão relacionadas principalmente à falta de conhecimento do paciente sobre sua doença e processo terapêutico.
Dentre os profissionais de saúde envolvidos nas ações de educação, o enfermeiro desenvolve importante papel no processo educativo e tem as tecnologias educativas como fortes aliadas nesse processo de forma a estimular a participação ativa do paciente no próprio cuidado.
É fundamental que o enfermeiro saiba que conhecimentos, aptidões, carências e preferências o seu paciente possui para então desenvolver ações educativas individualizadas, personalizadas, conscientes e bem informadas.
Diante desse contexto, o presente estudo objetiva descrever saberes e práticas realizadas por pessoas com úlcera venosa no cuidado da lesão.