Atividades Musicais Como Estratégia para o Controle de Sintomas Depressivos e Ansiosos de Pacientes Hemodialisados

18 de fevereiro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Verifica se as atividades musicais influenciam os níveis de sintomas depressivos e ansiosos dos pacientes com Doença Renal Crônica em Hemodiálise.


A transição epidemiológica e a inversão da pirâmide etária são o reflexo das transformações nutricionais, do crescimento social e econômico e da urbanização. Esses fatores contribuem para o aparecimento e a prevalência de doenças crônicas, como a hipertensão e o diabetes mellitus que, por sua vez, são alguns dos principais fatores predisponentes da Doença Renal Crônica (DRC).

musicoterapia

Atividades Musicais Como Estratégia para o Controle de Sintomas Depressivos e Ansiosos de Pacientes Hemodialisados. Foto: Divulgação.

A DRC consiste na presença de anormalidades na estrutura ou nas funções dos rins que, quando se apresentam por um período maior que três meses, geram complicações à saúde. Seu diagnóstico é feito a partir de marcadores de lesão renal, que podem ser: a albúminuria (relação albumina/creatinina > 30mg/24h); as anormalidades nos sedimentos urinários; os distúrbios eletrolíticos e outros decorrentes das lesões tubulares; as anormalidades detectadas por exame histológico; as anormalidades estruturais detectadas por exame de imagem; história de transplante renal e/ou a TFG diminuída: <60 ml/min./1,73m² (categorias de T FG G3a-G5).

Atualmente existem três tipos de tratamentos disponíveis na clinica para DCR, sendo o Conservador, a Diálise e o Transplante. O tratamento Conservador possui caráter preventivo, onde são adotadas medidas que visam à prevenção da piora da função renal, diminuição dos sintomas e a prevenção de complicações, sendo essas medidas não medicamentosas, mudanças de estilo de vida e alimentação. A Diálise se subdivide entre Diálise Peritoneal (DP) e Hemodiálise (HD), sendo a hemodiálise o tratamento mais utilizado. Na hemodiálise a filtração do sangue do paciente é realizada por uma máquina de forma extracorpórea. Por fim, ainda existe o Transplante que depende da compatibilidade entre o paciente e o doar que pode ser vivo ou cadáver.

Doença Renal Crônica

O processo da DRC do diagnóstico até o tratamento com a hemodiálise acarreta em diversas alterações biopsicossociais na vida do paciente. Dentre os sintomas psicológicos, sentimentos relacionados à ansiedade e depressão, como tristeza, revolta e angustia são os mais citados. Além disso, em estágios mais avançados de DRC os sintomas de depressão e ansiedade, que se acentuam entre os pacientes submetidos à hemodiálise.

A depressão é classificada como um transtorno de humor que altera a percepção do indivíduo sobre si mesmo, intensificando os sentimentos negativos sobre suas problemáticas. Esse quadro psiquiátrico apresenta taxa de 20 a 30% em pacientes hemodialisados e está associado à alta morbidade e mortalidade, redução na adesão ao tratamento e piora do estado.

A ansiedade é um dos sintomas mais frequentes em pacientes com doenças crônicas, porém muito pouco estudada em pacientes com DRC. Um estudo realizado no Instituto do Rim de Natal (RN) identificou, por meio do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), que todos os pacientes da pesquisa (n=100) apresentavam ansiedade, sendo 66% de intensidade moderada e 34% alta.

Dias et al. realizou um estudo de prevalência com 81 pacientes com DRC em tratamento hemodialítico. Dentre os resultados encontrados, a pontuação na “Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão” teve como média para depressão 5,4 (+-4,3), variando de 0 a 17 e para ansiedade a média foi de 5,4 (+-4), variando de 0 a 18. Dos 81 pacientes avaliados, 19 pacientes apresentaram pontuação na escala compatível com episódio depressivo provável (23,4%); 17 pacientes pontuaram para presença de provável transtorno ansioso (20,9%).

Atividades Musicais

Diante desse cenário, vem sendo desenvolvidas e estudadas diferentes formas de intervenções no ambiente hemodialítico a fim de melhorar a qualidade de vida e reduzir a prevalência de sintomas depressivos e ansiosos de pacientes submetidos à HD. A intervenção através da música é um tema que vem se desenvolvendo no campo, mas que ainda possui pouca produção. Kim, Evangelista e Park analisaram em uma revisão sistemática e metanálise sete pesquisas, sendo que em todas houve uma queda significante da ansiedade após as intervenções musicais.

É importante lembrar que as atividades realizadas por outros profissionais no que tange a música consistem em música de fundo, em salas de espera ou outros ambientes hospitalares ou de tratamento ou ainda procedimentos como tocar para os pacientes, o que se difere da prática do profissional musicoterapeuta, que traça um plano terapêutico com base em uma ampla gama de experiências que serão utilizadas como a recreação, a improvisação, a receptividade (audição), a relação terapêutica e a música, servindo como componentes curativos, em um processo terapêutico e com a combinação de diversas atividades e artes distintas.

Desta forma, esse estudo teve como objetivo verificar se atividades musicais influenciam a percepção dos sintomas depressivos e ansiosos dos pacientes com DRC em tratamento hemodialítico.

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