Durante demasiado tempo, as perturbações mentais têm sido largamente ignoradas no âmbito dos esforços desenvolvidos para reforçar os cuidados de saúde primários. Isto tem acontecido apesar de as perturbações mentais poderem ser encontradas em todos os países, em mulheres e homens, em todas as etapas da vida, entre ricos e pobres, e tanto em localizações rurais como urbanas; e apesar de a integração da saúde mental nos cuidados primários facilitar serviços holísticos e centrados no indivíduo, e como tal, ter um papel fulcral em relação aos valores e princípios da Declaração de Alma Ata.
Leia Mais:
Percepções errôneas em relação à natureza das perturbações mentais e ao seu tratamento têm contribuído para que estas tenham sido negligenciadas. Por exemplo, muitas pessoas pensam que as perturbações mentais afetam apenas um pequeno subgrupo da população, mas a realidade é que 60% das pessoas que vão a consultas a nível dos cuidados primários têm uma perturbação mental diagnosticável. Outras pessoas pensam que as perturbações mentais não podem ser tratadas, mas é sabido que existem tratamentos eficazes e que estes podem ser utilizados com sucesso a nível dos cuidados primários. Alguns acreditam que as pessoas com perturbações mentais são violentas ou instáveis, e portanto devem ser encarceradas, quando na verdade a vasta maioria dos indivíduos afetados não são violentos e são capazes de viver produtivamente dentro das suas comunidades.
A partilha da nossa comum condição humana obriga-nos a respeitar a aspiração universal por uma vida melhor, e a apoiar os esforços para alcançar um estado de completo bem-estar físico, mental, e social, e não meramente a ausência de doença e enfermidade. Através de cuidados primários integrados pode-se reduzir a considerável carga global das perturbações mentais não tratadas, melhorando assim a qualidade de vida de centenas de milhões de pacientes e das suas famílias.