Compreende a vivência do cuidado do paciente na hemodiálise; constrói um modelo teórico que represente esta vivência e propõe contribuições para o cuidado dos pacientes em hemodiálise.
A Doença Renal Crônica leva o paciente a mudanças abruptas na sua vida, pois ele precisa obedecer a um regime de cuidados rigorosos sob o tratamento de Hemodiálise com a premissa de auxiliar sua atual condição de saúde e prolongar sua vida. Buscou-se responder à questão norteadora: Como o paciente em hemodiálise vivencia o cuidado?
Tem-se como objetivo: compreender a vivência do cuidado do paciente na hemodiálise; construir um modelo teórico que represente esta vivência e propor contribuições para o cuidado dos pacientes em hemodiálise.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que utilizou como método a teoria fundamentada nos dados. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com 24 sujeitos: 10 pacientes sob tratamento de hemodiálise; sete cuidadores familiares de pacientes em hemodiálise que participavam ativamente no dia a dia dos cuidados; e sete profissionais integrantes da equipe multiprofissional. A análise dos dados se deu com a codificação substantiva, aberta e seletiva, e codificação teórica. Identificou-se que o modelo teórico se apresentou como uma adaptação do código teórico família “6Cs” com categoria central, causa, condições intervenientes, consequências e contexto. “A vivência de cuidado do paciente em hemodiálise” tem como categoria central “Envolver-se em uma nova vida de cuidados ao fazer hemodiálise. A causa desta vivência foi descrita pela categoria “Iniciando a trajetória de cuidados”, tendo como condições intervenientes as categorias “Confrontando-se com uma nova vida de cuidados” e “Sendo cuidado”, cuja consequência foi “Harmonizando-se com a hemodiálise e seus cuidados” no contexto de “Transmutando-se frente aos cuidados para a manutenção da vida”.
Compreendeu-se a partir da construção do modelo teórico que o paciente está inserido em uma vivência que exige dele reaprender a viver abruptamente, o que, por sua vez, gera mudanças em aspectos sociais, familiares, projetos de vida, laborais, econômicos, entre outros. Este viver traz consigo perturbação, sofrimento e tristeza, necessitando o paciente superar todas estas sensações e pensamentos negativos para atingir uma adaptação a esta nova vida de cuidados, que será possível através do cuidado profissional, do cuidado familiar e do suporte de uma rede social de apoio. Fundamentado nos resultados, foram propostas 19 contribuições para o cuidado de enfermagem a serem utilizadas com pacientes em hemodiálise: 11 contribuições relacionadas ao paciente e familiares (aspectos educacionais 6 e aspectos de cuidados 5) e 8 contribuições relacionadas com a equipe de enfermagem.
Conclui-se, com base neste estudo, que a vivência de cuidados é um evento que possibilita aprendizagem, modificações e adaptações. Para isso, o paciente precisará de apoio emocional, psicológico e espiritual de diferentes fontes – profissional, familiar e social – para se envolver satisfatoriamente nesta vivência.