Violências Durante o Processo de Adoecimento Pelo Trabalho

27 de junho de 2019 por filipesoaresImprimir Imprimir


Mais de 5 milhões de pessoas relataram ter sido vítimas de acidentes de trabalho em 2013, como revelou a pesquisa Nacional de Saúde, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Talvez a mensuração dessa quantidade de pessoas em espaços conhecidos nos dê uma ideia mais concreta da dimensão do problema.

Leia Mais:

Adoecimento pelo trabalho

Essa quantidade representa metade da população do município de São Paulo. Mais de dez vezes a lotação do estádio Arena Corinthians e 20 vezes a do estádio Palestra Itália. Se olhássemos todas essas pessoas do alto de um helicóptero, veríamos apenas um mar de pontinhos. Se andássemos entre elas, veríamos seus rostos, seus cabelos e suas expressões.

Apesar disso, o tema do adoecimento pelo trabalho é tão precariamente discutido em nossa sociedade que ele quase sempre vem à tona em forma de problema individual, apenas no momento em que o ato de trabalhar é prejudicado pela incapacidade laboral e pelas alterações no desempenho, por fim, interrompido com o afastamento.

Embora as características de adoecimento no trabalho passam despercebidas, o sofrimento com os sintomas é sufocado, e as limitações decorrentes não são decodificadas pelos aparelhos de proteção social do Estado. Os processos de afastamentos e retornos ao trabalho acontecem, principalmente, focados na readaptação dos trabalhadores ao meio ambiente de trabalho, sem que tenham sido desencadeadas ações de combate às condições e às situações que geraram o adoecimento. Para muitos, o quadro vai se tornando crônico, até sobrevir a incapacidade permanente.

Desde os primeiros sintomas, passando pelos diversos afastamentos até o desfecho, há um longo processo, nem sempre com resultado satisfatório.

Compartilhar