Caderno de Boas Práticas: o Uso da Penicilina na Atenção Básica Para a Prevenção da Sífilis Congênita no Brasil

19 de maio de 2020 por filipesoaresImprimir Imprimir

Boas práticas do Ministério da Saúde sobre o uso da penicilina nos municípios brasileiros como desafio reduzir a taxa de sífilis congênita.


A eliminação da sífilis congênita vem sendo perseguida há décadas no Brasil. Avanços foram alcançados em vários sentidos, mas a complexidade dos fatores que interferem na cadeia de transmissão continua a desafiar os serviços de saúde.

uso da penicilina

O agravamento da epidemia da sífilis, com o aumento expressivo da sífilis adquirida em todo o mundo, principalmente devido a relações sexuais desprotegidas, contribuiu para fazer soarem os alarmes da saúde pública e tornar a resposta à sífilis congênita um objetivo prioritário no Brasil. Soma-se a essa preocupação a ocorrência de gravidez cada vez mais precoce entre as jovens brasileiras.

Uso da penicilina

A boa notícia é que o tratamento da sífilis em gestantes é relativamente simples e a prevenção da sua transmissão para o recém-nascido é 100% eficaz mediante a administração de penicilina benzatina, o único medicamento capaz de atravessar a barreira placentária e chegar até o feto. No entanto, para que esse tratamento aconteça conforme manda o protocolo, e para que todas as gestantes com sífilis sejam tratadas, muitas condições devem ser garantidas:

  • O acesso ao pré-natal deve ser o mais amplo possível. Mulheres em situação de vulnerabilidade (meninas e adolescentes, mulheres que usam drogas, profissionais do sexo) não podem ficar de fora.
  • O início do pré-natal não deve ser tardio, porque a prevenção da transmissão da sífilis só é garantida quando o tratamento termina até um mês antes do nascimento do bebê.
  • A qualidade do pré-natal deve ser assegurada, com a realização de no mínimo seis consultas.
  • Portanto a garantia do acesso à detecção da sífilis na gestante deve ser a mais precoce possível, com a disponibilização dos testes rápidos para sífilis em unidades básicas de saúde ou laboratórios que consigam fornecer o diagnóstico em até uma semana.
  • Ademais o tratamento com penicilina deve ser iniciado sem hesitação por parte da equipe de saúde. Em casos raríssimos de reações adversas, que podem ser evitadas por meio de anamnese, o protocolo de atendimento estabelecido pelo DAB – Departamento de Atenção Básica deve ser seguido nas unidades básicas de saúde.
  • Assim o fornecimento da penicilina benzatina às unidades de saúde deve ser garantido e ininterrupto; caso haja problemas no abastecimento, a sua utilização para o tratamento de gestantes com sífilis deve ser priorizado.
  • Contudo os parceiros com sífilis das gestantes devem aderir imediatamente ao tratamento, em concomitância com o tratamento das mulheres.
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