A Toxicidade Financeira em Pessoas Com Doença Renal Crônica em Tratamento Hemodialítico

5 de setembro de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia a toxicidade financeira de pessoas com doença renal crônica em tratamento hemodialítico.


O adoecimento acarreta consequências emocionais e financeiras aos pacientes e, por vezes, aos familiares. A doença renal crônica (DRC) é considerada um problema de saúde pública, pois possui alta incidência, gera altas taxas de morbidade e mortalidade, possui curso prolongado, progressivo e insidioso, além de ser frequentemente silenciosa, não apresentando sinais ou sintomas na maior parte da sua evolução.

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Foto: Ministério da Educação.

A pessoa com DRC e que necessita realizar hemodiálise (HD) tem sua rotina alterada e, muitas vezes, não consegue se manter no mercado de trabalho, o que aumenta suas dificuldades financeiras. Isso ocorre porque, dependendo da condição clínica, há necessidade de realizar HD três vezes na semana, o que dificulta conciliar o tratamento e o trabalho. Aliado à diminuição de renda, pode ocorrer aumento das despesas, em virtude da alimentação e do transporte para a realização do tratamento, o que pode ocasionar algum grau de toxicidade financeira (TF) na pessoa com DRC.

A TF é definida como o impacto nocivo experimentado pelos pacientes que não têm condições financeiras de pagar pelo tratamento e arcar com as despesas extras inerentes à sua condição. A expressão inclui o encargo dos custos com a saúde e com questões não relacionadas ao tratamento, mas que podem influenciá-lo financeiramente, tornando-se uma barreira aos cuidados médicos necessários.

De acordo com a literatura internacional, várias são as consequências ocasionadas pela TF, dentre elas: dificuldade em manter os cuidados com o tratamento e as necessidades básicas, como alimentação e moradia, aumento dos casos de ansiedade, depressão e distúrbios do sono, piora do quadro clínico, aumento do número de internações, entre outros.

A TF é mensurada pelo instrumento Comprehensive Score for financial Toxicity (COST) do grupo Functional Assessment of Chronic Illness Therapy (FACIT). O COST foi validado no Brasil em pesquisa realizada com pacientes com câncer. Outro estudo validou o COST entre pacientes com doença crônica e demonstrou que o instrumento tem potencial para ser usado em populações além daquelas com câncer para avaliar a TF em doenças como a DRC.

Verificam-se as peculiaridades do custeio relacionadas à DRC e ao tratamento da HD no Brasil, bem como as modificações na vida da pessoa e seus familiares, com um número expressivo de pessoas em tratamento hemodialítico no país em torno de 144.779. Além disso, o instrumento COST, apesar de ser uma ferramenta ainda não utilizada na DRC, pode auxiliar a enfermagem e demais membros da equipe de saúde na elaboração efetiva de estratégias para minimizar os impactos financeiros. Sendo assim, questiona-se: há impacto da TF em pessoas em tratamento hemodialítico?

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