Constrói uma terminologia especializada de enfermagem para o cuidado à pessoa com COVID-19.
Em dezembro do ano de 2019, na cidade de Wuhan na China, ocorreram casos de pneumonia de origem desconhecida. As pessoas acometidas manifestaram sintomas sendo os principais, tosse seca, dispneia, febre e infiltrados nos pulmões bilateralmente que eram observados em exames de imagem. Na data de 7 de janeiro de 2020, logo após investigação das amostras respiratórias executadas pelo Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, foi detectada uma pneumonia por um novo coronavírus, subsequentemente nomeado “coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave” (SARS-CoV-2) e a nova doença denominada COVID-19 pela Organização Mundial da Saúde. Desde então, os profissionais de enfermagem estão em destaque no cuidado às pessoas diagnosticadas com infecção pelo novo coronavírus.
Esse vírus possui alta transmissibilidade e causa a síndrome respiratória aguda, que normalmente varia de casos leves (aproximadamente 80%) a casos com insuficiência respiratória grave (entre 5% e 10%), e sua letalidade varia entre 0,2% e 14,8%. A gravidade do quadro clínico associa-se a condições como doenças crônicas, imunossupressão, gestação de alto risco, obesidade (IMC ≥ 40) e ser idoso (idade ≥ 60 anos).
A COVID-19 apresenta sintomas semelhantes àqueles causados pelo betacoronavírus anterior, com algumas características clínicas distintas como o comprometimento das vias aéreas inferiores, evidenciado por sintomas clínicos do trato respiratório superior que englobam a rinorreia, espirros e dor de garganta.
A recente pandemia da COVID-19 impõe mundialmente diversos desafios aos profissionais da saúde, serviços, sistemas de atenção à saúde e de vigilância sanitária, bem como produz impactos na sociedade em todas as suas vertentes, extrapolando o contexto de saúde. Assim, ela apresenta-se como grande desafio para os profissionais de saúde e demanda a geração de indicadores que fortaleçam o conhecimento sobre a doença estabelecida e cuidados direcionados, o que justifica a determinação como prioridade de saúde.
Dentre os grupos profissionais que integram a equipe multiprofissional de saúde que presta assistência à pessoa com COVID-19, destaca-se a equipe de enfermagem, com a coordenação do enfermeiro. Esses profissionais executam ações assistenciais diretas e indiretas nos diferentes níveis da rede saúde, contribuindo no planejamento, implementação e coordenação do plano de cuidados às pessoas, famílias, cuidadores e comunidade, bem como na ampliação do conhecimento sobre conceitos relacionados a sistemas de classificação de enfermagem.
Frente ao novo contexto clínico e epidemiológico determinado pela pandemia da COVID-19, provavelmente muitos conceitos serão amplamente utilizados; e outros novos, que expressam concepções técnicocientíficas, identificados. Assim, é necessário estruturá-los de acordo com a utilidade e determinação científica da área da enfermagem, o que poderá possibilitar a padronização da linguagem profissional. Contudo, tem-se a limitação envolvendo o escasso registro nos prontuários, além das próprias condições impostas pelas características clínicas da COVID-19, que estabelecem barreiras às pesquisas no lócus de cuidado às pessoas com a infecção. Limitações como estas podem ser supridas, a priori, pela utilização da literatura e/ou documentos oficiais da área para extração de indicadores.
A utilização de uma linguagem padronizada na enfermagem é a principal finalidade do International Council of Nurses (ICN), sendo assinalada como uma importante estratégia para a enfermagem obter a consolidação enquanto ciência, para sistematizar o cuidado e direcionar as prioridades de saúde às questões clínicas específicas, como é o caso da pandemia causada pelo SARS-CoV-2. Nessa perspectiva, destaca-se a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®), sistema de classificação unificado que compreende conceitos primitivos e os pré-coordenados, constituindo diagnósticos de enfermagem, resultados e intervenções de enfermagem.
Evidenciou-se uma lacuna no conhecimento quanto à terminologia especializada de enfermagem para pessoas com COVID-19, cujo preenchimento esse estudo apresenta como inovação, com vistas a contribuir para a geração de indicadores da prática de enfermagem a ser posteriormente incorporada à sistemas de informação em saúde, com possíveis impactos benéficos no tratamento e reabilitação das pessoas acometidas pela presente prioridade de saúde.