Constrói um subconjunto terminológico de diagnósticos, resultados e intervenções de Enfermagem para o atendimento de pessoas com hanseníase, utilizando a CIPE® na prática clínica.
No atendimento a pessoas com hanseníase os enfermeiros realizam julgamentos diagnósticos e terapêuticos, que devem ser expressos por meio de terminologia especial da profissão a luz de modelos teóricos de enfermagem. Portanto, o uso da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem- CIPE® para a construção de um subconjunto terminológico voltado para pessoas com hanseníase faz-se necessário para instrumentalizar a prática clínica do enfermeiro. Objetivo: Construir um subconjunto terminológico de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem para o atendimento de pessoas com hanseníase, utilizando a CIPE® na prática clínica.
Trata-se de um estudo de pesquisa metodológica com duas fases: uma exploratória e a outra, estudo de campo. Na fase exploratória, foram utilizadas três etapas para a realização da pesquisa terminológica e mapeamento cruzado entre os termos extraídos das publicações do Ministério da Saúde, relacionados à hanseníase e os contidos na CIPE® versão 2015. Na fase de campo empregou-se: 1- Consulta de enfermagem baseada na teoria de Autocuidado de Orem com elaboração de enunciados de diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem; 2- Validação dos enunciados de diagnóstico de enfermagem por três especialistas; 3- Mapeamento cruzado de enunciados de diagnóstico, resultados e intervenções de enfermagem com a CIPE® e com o banco de termos extraídos das publicações do Ministério da Saúde; 4- Construção do subconjunto terminológico da CIPE® para atendimento de pessoas com hanseníase.
Na fase exploratória foram extraídos 1.041 termos das publicações do Ministério da Saúde relacionados a hanseníase, dos quais 300 (28,80 %) eram iguais a termos constantes nos eixos da CIPE®; 51 (4,86%) eram semelhantes; 49 (4,68%) eram mais amplos; 172 (16,45%) eram mais restritos e 469 (45,00%) eram diferentes dos termos daquela classificação. Na fase de campo foram realizadas consultas de enfermagem a 24 pessoas com hanseníase, resultando em 81 diagnósticos/resultados de enfermagem e 303 intervenções de enfermagem. Na análise dos enunciados de diagnósticos/resultados e intervenções de enfermagem, quanto à similaridade e abrangência aos conceitos da CIPE®, foram avaliados 564 termos primitivos, desses: 342 (61%) foram considerados constantes (termo igual, semelhante, semelhante mais restrito e semelhante mais amplo) na CIPE® e 222 (39,4%) como diferentes da CIPE®. Dos termos pré coordenados, 384 foram avaliados, sendo 275 (72 %) considerados constantes (termo igual, semelhante, semelhante mais restrito e semelhante mais amplo) e 109 (28,4%) diferentes dos termos pré coordenados da CIPE® e em relação ao banco de termos extraídos das publicações do Ministério da Saúde.
A metodologia utilizada nesta pesquisa possibilitou a construção de um subconjunto terminológico com base na teoria de autocuidado de Dorothea Orem e a CIPE®, podendo ser utilizada na prática clínica de enfermagem no atendimento a pessoas com hanseníase, de uma forma sistematizada, utilizando as etapas do processo de enfermagem e auxiliar no ensino e na construção de prontuários eletrônicos. Ademais, a partir dos resultados encontrados neste estudo, percebeu-se a necessidade de ampliação da CIPE® de modo a contemplar melhor os fenômenos da prática de enfermagem no atendimento a pessoas com hanseníase.