Subconjunto Terminológico da CIPE® em Saúde Mental: Um Passo Importante para Qualificar a Prática de Enfermagem.
A utilização de linguagens padronizadas tem se mostrado uma estratégia fundamental para fortalecer a prática da enfermagem, especialmente em áreas complexas como a saúde mental. Nesse contexto, a construção de subconjuntos terminológicos da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) surge como uma ferramenta poderosa para apoiar os profissionais no registro sistematizado do cuidado e na qualificação da assistência.
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Um estudo realizado nos municípios de Lins e Cafelândia, no interior de São Paulo, teve como objetivo implantar e avaliar um subconjunto terminológico da CIPE® voltado especificamente para o cuidado de pessoas com transtornos mentais. A proposta foi traduzir a teoria em prática, levando um conjunto de termos estruturados diretamente para os profissionais da linha de frente.
A pesquisa, de caráter descritivo e exploratório, contou com a participação ativa de enfermeiros das unidades de saúde mental desses municípios. A primeira etapa envolveu uma oficina de capacitação com 19 profissionais, onde todos foram treinados para utilizar o subconjunto terminológico previamente desenvolvido em um estudo anterior.
Durante três meses, nove desses enfermeiros colocaram em prática o uso do subconjunto, registrando diagnósticos e intervenções de enfermagem em seus atendimentos. Além disso, uma avaliação qualitativa foi realizada com cinco participantes por meio de grupos focais, onde os profissionais compartilharam suas percepções sobre a experiência.
A adesão ao subconjunto foi bastante significativa. Dos 135 diagnósticos propostos, 58 foram utilizados (43%), e das 256 intervenções, 173 foram registradas (67%). A partir da prática, os profissionais sugeriram ajustes no material, incluindo a revisão de quatro diagnósticos e a inclusão de cinco novos, além de propor nove novas intervenções e a revisão de outras duas.
A análise qualitativa revelou três principais pontos discutidos pelos enfermeiros:
Dificuldades encontradas no uso do subconjunto terminológico;
Facilidade no levantamento de diagnósticos com o apoio da CIPE®;
A percepção de que um instrumento sistematizado é essencial para conduzir o Processo e a Consulta de Enfermagem.
Os resultados mostram que o subconjunto foi bem recebido e teve impacto positivo na rotina dos profissionais, tanto que seu uso continuou mesmo após o término da coleta de dados. Como desdobramento dessa experiência, foi desenvolvido um e-book que documenta todo o processo de implantação e avaliação. Esse material está disponível na biblioteca virtual do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, com o objetivo de auxiliar outras instituições interessadas em adotar terminologias padronizadas em seus serviços.
A padronização da linguagem na enfermagem não é apenas uma exigência técnica — é uma aliada poderosa para garantir um cuidado mais seguro, eficiente e centrado no paciente. Iniciativas como essa reforçam o papel dos enfermeiros na construção de uma assistência mais qualificada e embasada em evidências, especialmente em áreas tão desafiadoras como a saúde mental.