Identifica a prevalência de sintomas de depressão pós-parto (DPP) e seus fatores associados em mulheres atendias em duas maternidades públicas.
Os transtornos mentais estão cada vez mais discutidos e pautados no âmbito da saúde pública devido a sua alta prevalência, repercussões negativas na saúde e impacto psicossocial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a depressão como a principal causa de incapacidade de todo o mundo e contribui de forma importante para a carga global de doenças. Segundo Relatório da OMS o número de casos de depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015, são 322 milhões de pessoas em todo o mundo com diagnóstico de depressão, e maior prevalência entre as mulheres. No Brasil, tem 11,5 milhões de pessoas o que equivale a 5,8% da população.
No que diz respeito as mulheres, a gravidez interfere na saúde mental da mulher devido a inúmeras mudanças fisiológicas, emocionais, psicológicas e sociais que ocorrem nesse período, gerando sentimentos de ansiedade, alegria e tristeza e se constitui como fator que pode dificultar o diagnóstico precoce da Depressão Pós-Parto (DPP).
Entre os transtornos mentais que mais acometem as mulheres, destaca-se a DPP que ocorre, na maioria dos casos, a partir das primeiras quatro semanas após o parto, alcançando sua intensidade nos seis primeiros meses. No entanto, nos estudos publicados com essa temática, observa-se que a avaliação DPP pode ser realizada em períodos diferentes do pós-parto. A DPP se destaca pelo aumento de sua incidência nas últimas décadas e por sua relevância social e clínica que pode afetar a saúde da mãe e o desenvolvimento do recém-nascido.
Dessa forma, a DPP é considerada um problema de saúde pública, com prevalência elevada em puérperas atendidas pela Sistema Único de Saúde. Dados da pesquisa “Nascer no Brasil”, mostram que em cada quatro mulheres, mais de uma apresenta sintomas de depressão no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê. Essas estimativas se apresentam elevadas em relação ao nível mundial, justificando que os agravos à saúde da mulher, tenham atenção prioritária no âmbito da saúde pública.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais (DSM-V-TRTM) os sintomas para a DPP são os mesmos utilizados para a Depressão Maior, tendo como especificador o pós-parto, desde que ocorra nas primeiras quatro semanas após o nascimento da criança. A DPP é caracterizada, principalmente, por humor deprimido, acentuada falta de interesse ou prazer por certas atividades, fadiga, insônia ou hipersonia, agitação ou retardo psicomotor, sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, dentre outros.
De acordo com a OMS, a DPP pode estar associada a diversos fatores, não tendo apenas uma única causa. A DPP pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida e histórico de outros transtornos mentais. Entres os fatores de risco para o surgimento da DPP já identificados na literatura, ressaltam-se: mães com menor escolaridade, baixa renda, desemprego; história pregressa de depressão, ausência de suporte social, familiar ou marital, violência doméstica; dependência de álcool, fumo ou droga.
Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi identificar a prevalência de sintomas de depressão pós-parto e seus fatores associados em mulheres atendias em duas maternidades públicas.