Revisa a literatura sobre a eficiência dos protocolos de higienização oral que utilizaram digluconato de clorexidina como agente antimicrobiano de escolha em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva.
A pneumonia aspirativa por ventilação mecânica (PAVM), considerada uma infecção relacionada à assistência à saúde, possui diversos agentes etiológicos como fungos, vírus e principalmente bactérias. Sua incidência em unidades de terapia intensiva (UTI) ou centros de terapia intensiva (CTI) é elevado e apresenta alta mortalidade, principalmente em pacientes com comorbidades. Bactérias como Staphylococcus aureus, Klebsiella sp., Pseudomonas sp., Acinetobacter baumannii e Escherichia coli são frequentemente associadas a esta infecção. Diferentes vias podem possibilitar o acesso desses microrganismos ao trato respiratório, como a inoculação direta por aspiração, inalação de aerossóis infectados, disseminação hematogênica, e área com infecções extensas. Tais potenciais patógenos respiratórios não são comuns na microbiota oral de indivíduos saudáveis, porém pacientes internados em UTI estão mais susceptíveis a apresentarem o biofilme colonizado por eles, especialmente os que possuem periodontite.
Os biofilmes são comunidades microbianas estruturadas de forma tridimensional, aderidas a uma superfície biótica ou abiótica. Quando maduro, confere proteção as ações ambientais, à desidratação e ao sistema imune do hospedeiro. Essa estrutura pode ser formada e amadurecida sobre a superfície dos dentes ou em sítios periodontais como resultado de uma higiene bucal inadequada, podendo acarretar no aparecimento de lesões de cárie, agravar o processo inflamatório dos tecidos periodontais e causar infecções em outras regiões do organismo. A aspiração desses patógenos da cavidade oral é a via mais comum de infecção pulmonar, demonstrando o papel significativo da microbiota oral na etiologia da pneumonia aspirativa por ventilação mecânica.
Protocolos de higienização oral, baseados na limpeza da cavidade bucal com a utilização de antimicrobianos de baixo custo, como o digluconato de clorexidina (DGC), passaram a ser utilizados como um método de prevenção ao desenvolvimento da PAVM, além de auxiliar na promoção, conscientização e integração da equipe de saúde, incluindo médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas.
Apesar de a literatura apresentar diferentes modelos de protocolos de higienização oral para a prevenção de pneumonia aspirativa por ventilação mecânica com diferentes índices de sucesso, não há um consenso sobre a eficiência, a padronização do antimicrobiano ou a concentração do mesmo e dos dispositivos de higiene utilizados. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo revisar a literatura sobre a eficiência dos protocolos de higienização oral que utilizaram DGC como agente antimicrobiano de escolha em pacientes internados em UTIs.