Prevenção de Erros de Prescrição

16 de março de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Discute estratégias para prevenir e mitigar danos relacionados aos erros de prescrição que dizem respeito aos domínios “profissionais de saúde” e “sistemas e práticas de medicação”.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em 2017, o 3º Desafio Global de Segurança do Paciente com o tema “Medicação sem Danos” (em inglês, “Medication without Harm”) em reconhecimento ao alto risco de danos associados ao uso de medicamentos. As ações propostas no desafio foram organizadas em áreas prioritárias e quatro domínios de trabalho: pacientes, medicamentos, profissionais da saúde e sistemas e práticas de medicação, com a finalidade de orientar as ações de profissionais e instituições de saúde para alcançar a meta de reduzir, dentro de cinco anos, os danos evitáveis e erros graves relacionados a medicamentos em até 50%. Neste boletim, serão discutidas estratégias para prevenir e mitigar danos relacionados aos erros de prescrição que dizem respeito aos domínios “profissionais de saúde” e “sistemas e práticas de medicação”.

Prevenção de Erros de Prescrição

Prevenção de Erros de Prescrição

Os erros de prescrição configuram um tipo de erro de medicação que pode ocorrer durante a prescrição de um medicamento envolvendo tanto a redação da prescrição, quanto o processo de decisão terapêutica. Eles podem estar relacionados à seleção do medicamento (considerando indicações, contraindicações, alergias, características do paciente, interações medicamentosas, entre outros fatores), à dose, à concentração, ao esquema terapêutico, à forma farmacêutica, à via de administração, à duração do tratamento e às orientações para uso, ou à ausência de prescrição de um medicamento quando este for necessário.

Erros de Prescrição

A ocorrência de erros de prescrição e as estratégias para sua prevenção podem variar conforme a classificação da prescrição quanto ao tipo (ex.: urgência/emergência, caso necessário, baseada em protocolos, padrão e verbal); à origem (ambulatorial, hospitalar ou proveniente de outro tipo de estabelecimento de saúde); e à forma da prescrição (manuscrita, pré-digitada, digitada e eletrônica) sendo definida neste boletim como:

  • prescrição manuscrita: escrita totalmente à mão;
  • prescrição pré-digitada: redigida em computador e impressa, com espaços em branco para preenchimento, além da assinatura à mão pelo prescritor;
  • prescrição digitada: redigida em computador e impressa, sendo somente assinada à mão pelo prescritor; e
  • prescrição eletrônica: totalmente elaborada dentro de um sistema informatizado computadorizado, que pode conter um conjunto de módulos integrados, incluindo, além da prescrição de medicamentos, exames laboratoriais e de imagens. O sistema de prescrição eletrônica, frequentemente, possui algum nível de suporte à decisão clínica para elaboração da prescrição, podendo também estar integrado ao sistema informatizado da farmácia, no qual funcionários validam as prescrições. Cabe ressaltar que o grau de sofisticação
    tecnológica desse suporte pode variar entre alertas básicos (ex.: alergias a medicamentos, prescrições duplicadas e interações medicamentosas) a algoritmos complexos baseados em dados específicos do paciente. Esses algoritmos ou ferramentas avançadas de suporte podem contemplar, por exemplo, orientações sobre ajustes de dose (ex.: disfunção renal ou hepática, faixa etária), para solicitação de testes laboratoriais relacionados aos medicamentos e verificação de contraindicações (ex.: gravidez);
  • prescrição verbal: utilizada em emergências, devendo ser escrita posteriormente e restrita a esse contexto.

Problemas de legibilidade na redação da prescrição, frequentes no uso da prescrição manuscrita ou prédigitada, podem comprometer a compreensão das informações pelo paciente e outros profissionais de saúde, ocasionando erros. Estima-se que cerca de 7% das prescrições manuais elaboradas em ambiente hospitalar apresentam erros, sendo os mais frequentes: dose incorreta, prescrições incompletas, ilegibilidade, intervalos de dosagem inadequados e erros de transcrição.
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