Caracteriza o perfil de um projeto de educação em saúde e suas contribuições à difusão de informação na rede social Instagram.
A internet brasileira começou a ser implantada no Brasil como uma infraestrutura de comunicação para fins acadêmicos no ano de 1989. Em 1994, se iniciou a abertura da rede ao público em geral, a chamada “internet comercial”, com a distribuição do serviço fora dos meios acadêmicos pela livre iniciativa privada. Desde então, ela se popularizou de modo exponencial, operada, atualmente, em mais de 80% dos domicílios brasileiros. Presente em 94% das residências, o celular é o equipamento mais utilizado para acessar o serviço, indicando um acesso mais democratizado à internet e à informação, tão restritas décadas atrás.
São 134 milhões de brasileiros usuários de internet, sendo as atividades mais comuns no uso da rede as de comunicação, lideradas pelo envio de mensagens instantâneas (92% dos usuários), seguido pelo uso de redes sociais (76%). Estudo realizado sobre tendências que moldam o mundo, explorando o impacto da internet, mostrou que oito em cada dez indivíduos acessam sites com conhecimentos da área da saúde. Cálculos indicam que o número de internautas brasileiros acessando regularmente esses sites pode ultrapassar os 10 milhões.
É indubitável, então, que o advento da internet permitiu um amplo acesso à informação. Dentre os meios para acessá-la, têm-se as redes sociais, plataformas com alta geração de dados. Em vista disso, as buscas por temas sobre doenças e autocuidado foram ampliadas, o que permite um fácil acesso dessa população aos profissionais. Toma-se em conta, também, que as mídias sociais viabilizam uma aprendizagem colaborativa, por meio da interação com compartilhamento de conhecimentos e envolvimento dos participantes, possibilitando articulação entre os usuários mediante comentários, formulários e mensagens privadas, por exemplo.
Tecnologias digitais, sociais e móveis vêm sendo amplamente utilizadas na educação profissional em saúde em geral e na enfermagem em particular; nesse contexto, as mídias sociais têm sido utilizadas em escala global como veículo fundamental para a comunicação. Muitos enfermeiros as têm adotado e utilizado de forma ativa em favor da saúde da população, devido à facilidade de acesso, o que tem gerado uma série de iniciativas bem-sucedidas lideradas por enfermeiras.
Não obstante, não se podem negligenciar os riscos potenciais que elas trazem. Assim, atentando-se para a importância das redes sociais e velocidade de disseminação de dados, é imprescindível validar essas informações, pois parte delas são cientificamente errôneas e/ou incompletas. Dessa forma, ao recorrerem à internet em busca de respostas para seus problemas de saúde, as pessoas ficam susceptíveis a um autodiagnóstico equivocado, que pode contribuir para uma autoprescrição imprópria, gerando problemas para o autocuidado e agravamento de quadros clínicos. Esses equívocos produzem dúvidas quanto à informação levantada na rede.
Com vistas a autenticar o conhecimento científico acessível à população, e por considerar a extrema relevância que as redes sociais adquiriram no mundo moderno, faz-se necessário inovar. As mídias sociais se configuram como uma tecnologia transformadora nas comunicações neste século, no campo dos negócios, entretenimento e também na educação. O uso de redes sociais como estratégia educativa é um desafio, e o Instagram é uma dessas redes que vêm sendo utilizadas com intencionalidade pedagógica, possibilitando estudos educativos nas áreas das ciências humanas e exatas, por exemplo. Ademais, é amplamente aplicada em contextos de saúde, tais como: no cuidado aos pacientes, monitoramento, reabilitação, diagnóstico, ensino e pesquisa.
O Instagram foi lançado em 2010 e, desde então, vem evoluindo e aprimorando suas ferramentas de divulgação de conteúdos por meio de textos, imagens e som, incluindo a possibilidade de transmissões ao vivo, comercialização de produtos e serviços, associação a ferramentas antibullying, posicionando-se a favor do bem-estar dos usuários. Até julho de 2022, a rede apresentava, pelo menos, 1,440 bilhão de usuários no mundo. No Brasil, até o início de 2022, reunia 119,5 milhões de usuários, mas vale informar que a plataforma restringe seu acesso a pessoas com 13 anos ou mais; logo, o número de usuários brasileiros equivale a 67,4% da população do país.
Todo esse aparato de plataformas digitais forma parte do que se denomina como “tecnologias de informação e comunicação” (TICs), as quais unem as tecnologias computacionais com as das telecomunicações; e, por sua vez, quando adquirem finalidades educativas, integram o subdomínio das tecnologias educativas.
Os recursos das TICs, como as redes sociais, vêm sendo cada vez mais utilizados na disseminação de conhecimentos científicos e confiáveis à população, possibilitando atingir não somente profissionais de saúde, mas contribuir com a democratização do conhecimento para a sociedade em geral.
Revisão integrativa realizada sobre o uso de TICs na educação em saúde de adolescentes incluiu publicações de 2014 a 2020 e mostrou lacunas na produção de artigos científicos sobre o tema no Brasil; apesar disso, aponta que os profissionais de enfermagem se destacam na construção dessas tecnologias. Dessa forma, considera-se conveniente e oportuno gerar conhecimentos que deem visibilidade a iniciativas de utilização de redes sociais para difundir conhecimentos à população, por meio de projetos desenvolvidos pela enfermagem.