Perfil de Pacientes Com Sepse e Choque Séptico Em Um Hospital de Trauma

22 de março de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia o perfil e o desfecho clínico de pacientes com sepse e choque séptico em um hospital de trauma.


A Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) estima que 1,35 milhão de pessoas evoluem a óbito a cada ano devido a acidentes no trânsito e mais da metade de todas as mortes em rodovias ocorre entre usuários pedestres, ciclistas e motociclistas. Não obstante, o painel de pesquisa da Confederação Nacional de Transporte em 2019, informar que ocorreram 7.439 acidentes com vítimas em rodovias federais no estado de Minas Gerais, sendo que 9 de cada 100 vítimas evoluíram a óbito.

Perfil de Pacientes Com Sepse e Choque Séptico Em Um Hospital de Trauma

Foto: Divulgação.

O hospital de referência em trauma do estado de Minas Gerais recebe a maior parte desse público, sendo que o último dado divulgado pela instituição foi em 2013 onde informa que recebeu 8.181 pacientes vítimas de acidentes com motocicletas, automóveis e pedestres. O paciente traumatizado atendido no hospital de urgência pode ser submetido a cirurgia imediata que, por sua vez, o colocará numa estimativa de morte de até 4% antes de deixar o hospital, 15% de morbidade pós-operatória grave e/ou entre 5 a 15% com necessidade de readmissão em até 30 dias decorrente a complicações.
Alguns fatores sistêmicos contribuem para o aparecimento de infecção cirúrgica, tais como: desnutrição, obesidade, presença de infecção concomitante em outro local do corpo, depressão da imunidade, uso de corticosteroides e citotóxicos, diabetes mellitus, e, não menos importante, a hospitalização prolongada. Geralmente após o estresse cirúrgico o paciente tende a recuperar suas funções vitais em torno de quatro a cinco dias. Mas, alguns, por sua vez, não se recuperam e uma disfunção de órgãos se instala associada ou não a uma infecção.
Além de procedimento cirúrgico que o paciente pode ser submetido, o paciente politraumatizado grave em terapia intensiva fica exposto a vários dispositivos invasivos que podem deixá-lo susceptível a infecções, tais como intubação orotraqueal, sondagens vesicais, sondagens nasoentéricas, que o coloca em risco de broncoaspiração, bem como as lesões extensas que podem ser colonizadas por diversas bactérias ao longo do tempo de internação.
Sendo assim, uma infecção instalada associada a uma disfunção de órgãos e caracterizada por uma resposta desregulada do hospedeiro é definida como quadro de sepse. Essa síndrome quando atrelada a uma hipotensão refratária a volume e possui uma necessidade de vasopressores para manter uma pressão arterial média maior que 65 mmHg, define-se choque séptico e a estimativa de mortalidade é alta no individuo adulto. O paciente em choque séptico apresenta alteração de lactado com variação maior que 2mmol.

Avaliação Sequencial de Falhas de Órgãos

A Avaliação Sequencial de Falhas de Órgãos (SOFA) é um dos sistemas de pontuação mais utilizados em terapia intensiva, que, juntamente com achados clínicos frente à infecção, pontua variáveis laboratoriais, tais como PaO2, contagem de plaquetas, nível de creatinina e nível de bilirrubina. O escore varia de 0 a 4, e uma pontuação igual ou superior a 2 representa a disfunção orgânica. Logo, quanto maior um escore SOFA, mais alta a probabilidade de mortalidade em pacientes intensivos com sepse ou choque séptico.
Tão logo haja a suspeita da sepse, deve-se adotar ações que visem êxito para a taxa de sobrevida do paciente, sendo desde a identificação precoce de alterações de sinais clínicos, reconhecimento de possível foco de infecção até o início do tratamento com antibiótico terapia e, se indicada, ressuscitação volêmica. A coleta de amostras de sangue também é um procedimento importante para análise de hemoculturas e lactato sérico, pois altos níveis de lactato sugerem ocorrência de hipóxia tecidual, que podem estar associados a piores prognósticos.
As diretrizes da Campanha de Sobrevivência à Sepse recomendam veementemente que todas as instituições tenham estratégias para a detecção de pacientes com sepse e tentem instituir programas de melhoria da qualidade de atendimento baseados em indicadores bem definidos.
Diversos estudos já demonstraram a eficácia de implantação de protocolos gerenciados para redução da mortalidade. Demonstraram também que a aderência ao pacote de ressuscitação estava associada não somente a redução significativa da mortalidade hospitalar, mas também a redução do tempo de internação hospitalar e diminuição significativa dos custos.
Considerando o cenário de atendimento de pacientes traumatizados e o alto risco de desenvolvimento de sepse, este trabalho objetivou avaliar o perfil de incidência de casos de sepse e choque séptico e seus desfechos clínicos no período de três meses em pacientes internados em hospital de trauma de Belo Horizonte.
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