Perfil dos Atendimentos por Condições Sensíveis à Atenção Primária à Saúde em Uma Unidade de Pronto Atendimento

29 de maio de 2020 por Joyce GomesImprimir Imprimir

Descreve as visitas ao departamento de emergência para condições sensíveis ao atendimento ambulatorial.


A partir da segunda metade da década de 1990, as Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) passaram a ser utilizadas para a análise da qualidade desta atenção em países que possuem o sistema de saúde com foco nos cuidados primários, como Espanha, Austrália, Canadá e Brasil. O indicador, portanto, é utilizado “como uma forma de avaliar o acesso, a cobertura, a qualidade e o desempenho da Atenção Primária à Saúde (APS)”.
Perfil dos Atendimentos

Perfil dos Atendimentos

As ICSAP compõem um conjunto de morbidades que pode ser atendido oportuna e efetivamente pela APS, considerando que, a princípio, não necessita de hospitalização. Parte-se da consideração de que o primeiro nível de atenção tem a resolutividade como um de seus atributos essenciais, de forma a resolver mais de 85% dos problemas de saúde da sua população. Assim, espera-se que possa ser evitado o agravamento clínico dos usuários dos serviços de saúde e, por conseguinte, sua hospitalização.
Considera-se, ainda, a coordenação do cuidado pela APS como um dos seus principais atributos para a continuidade da atenção em saúde, expressa pela ordenação da rede. Uma revisão sistemática sobre as ICSAP evidenciou que a continuidade da atenção na APS se associou a menores taxas de internação nos Estados Unidos e Canadá. A continuidade da atenção e a presença de equipe multidisciplinar beneficiam outros pontos da rede de atenção, pois reduz as demandas dos hospitais e dos serviços de urgência e emergência.
Porém, essa não parece ser a realidade dos serviços de saúde brasileiros, onde há gigantescas filas de espera e superlotação. Isto é percebido principalmente nos equipamentos de saúde de urgência e emergência. Onde há um quantitativo expressivo de internações, muito em função da busca pela população que não possui acesso aos demais níveis de atenção à saúde. O acompanhamento dos problemas de saúde dos usuários, família e comunidade constitui-se ainda em um desafio à APS. A qual se encontra diante de questões, como a falta de investimento financeiro, a elevada taxa de população adstrita, o número insuficiente de equipes de saúde da família e as precárias condições de trabalho e infraestrutura. Tais problemas dificultam a prestação de uma atenção à saúde eficiente e resolutiva pela APS. Principalmente frente à atual epidemia de doenças crônicas que necessitam de acompanhamento contínuo de saúde.
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