Apreende as percepções de enfermeiros sobre higiene bucal em adultos internados em terapia intensiva.
Desde os tempos nightingaleanos, apregoa-se que cuidados como higienização das mãos e da cavidade oral, mudança de decúbito, cuidados com a pele e cateteres são fundamentais no processo de recuperação, manutenção e promoção da saúde, sendo eles de competência da enfermagem.
No ambiente hospitalar, a higienização da cavidade oral deve ser contemplada diariamente, já que esta prática visa, reduzir a colonização de patógenos na cavidade oral, remover meios de cultura, prevenir infecções bucais que podem se disseminar pelo organismo, além de manter a integridade e hidratação da mucosa oral, garantindo conforto ao paciente. Assim, proporciona um cuidado integral, com baixo custo e alta efetividade, sendo um importante pilar de sustentação para prevenção de agravos à saúde do indivíduo.
Quando a higiene bucal é ineficaz ou negligenciada, o risco de complicações durante a internação aumenta, resultando na elevação do tempo de internação e dos índices de morbimortalidade das instituições. A Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM) é um exemplo de complicação frequentemente observada no cotidiano das Unidade de Terapia Intensiva – UTI sendo que dados de São Paulo, em 2015, mostraram que a incidência de PAVM em hospitais de ensino foi superior a treze casos por 1.000 ventilador/dia, aumentando significativamente os custos com a internação e a mortalidade.
Contudo, reiteradamente, a higiene bucal não é priorizada no cotidiano multiprofissional nas UTI. Os motivos variam desde a sobrecarga de trabalho e falta de treinamento para a realização, até o descomprometimento profissional, por encararem este cuidado pertencente exclusivamente a equipe de saúde bucal. Outra questão que contribui significativamente para este cenário é a carência de protocolos, com recomendações sistematizadas para nortear e responsabilizar os profissionais quando à saúde bucal do paciente crítico.
Apesar disso, vale ressaltar que a enfermagem é gestora e geradora de cuidado para o paciente frente à equipe multidisciplinar. Assim, a higiene bucal cabe ao enfermeiro e à sua equipe, sendo necessária a sensibilização destes profissionais e o aprofundamento na técnica, alicerçada em evidências científicas e garantindo a qualidade, segurança e conforto ao paciente.
Desta forma, em virtude da relevância da higiene bucal como medida de promoção da segurança ao paciente, julga-se fundamental compreender a percepção dos enfermeiros sobre a mesma, visto que, primordialmente, são responsáveis pela manutenção e sustentação dessa prática.
Assim, com o intuito de compreender a lacuna existente entre as recomendações atuais sobre higiene bucal e a prática real, a partir das considerações dos enfermeiros intensivistas, objetiva-se com este estudo apreender as percepções de enfermeiros sobre higiene bucal em adultos internados em UTI.