Percepções de Enfermeiros da Atenção Primária Sobre Valorização no Trabalho: o Clamor de Uma Categoria
28 de maio de 2024 por filipesoares
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Conhece as percepções de enfermeiros da Atenção Primária à Saúde sobre a valorização no trabalho.
O mundo do trabalho tem sofrido modificações, guiadas pelo modelo econômico capitalista, que passou a regular as relações de trabalho, com vistas à acumulação de capital financeiro e à consequente exploração dos trabalhadores. O trabalho em saúde, especialmente o do enfermeiro, é carregado de subjetividade em sua essência relacional. Em contrapartida, com o advento da globalização, agregaram- -se tecnologias ao processo saúde-doença-cuidado, o que exigiu dos profissionais competências e habilidades para atender às demandas do mercado de trabalho.
Foto: Divulgação
Na Atenção Primária à Saúde (
APS) brasileira, a atuação do enfermeiro organiza-se em um formato bidimensional (assistencial e gerencial), integrado e canalizado para o desenvolvimento de atividades de promoção, manutenção e recuperação da saúde, contribuindo para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). A diversidade de saberes e práticas relacionadas ao cuidado de indivíduos, famílias e comunidades tem gerado desafios cotidianos a serem enfrentados pelos trabalhadores da saúde. Neste universo dinâmico, os enfermeiros vivenciam fenômenos sociais que podem impactar sua saúde mental, a satisfação profissional e a qualidade do cuidado prestado, os quais estão correlacionados com a valorização profissional.
Apesar de não haver consenso sobre o significado de valorização, sabe-se que a valorização como fenômeno de desejabilidade social ocupa lugar de relevância na qualidade do trabalho desenvolvido pelos enfermeiros da APS. Ademais, impacta o trabalho desenvolvido e a saúde ocupacional, pois, quando os enfermeiros não são valorizados pelo trabalho que exercem, perdem a motivação, sentem- -se prejudicados, infelizes e não se realizam no trabalho.
De modo geral, está presente no discurso dos enfermeiros a desvalorização profissional. A busca pela valorização não é recente, desde o ano 2000, projetos de lei foram submetidos à apreciação do Legislativo nacional, buscando a redução de carga horária desses profissionais e a criação do piso salarial.
Em 2019, com intuito de fomentar a luta pela valorização e pelo reconhecimento profissional, o Brasil aderiu à campanha global
Nursing Now, que tem o objetivo de fortalecer a educação e o desenvolvimento desses profissionais, com foco em liderança, melhoria das condições de trabalho, além de evidenciar práticas exitosas e inovadoras baseadas em cientificidade em âmbito nacional e regional. Assim, o fenômeno da valorização vai sendo desvelado e integrado às discussões políticas e organizações na enfermagem.
Na literatura nacional, ainda se observa a necessidade de estudos sobre as diversas nuances da valorização, especialmente na percepção dos enfermeiros que desempenham cuidados na APS, devido à importância de suas ações para a conformação da rede de atenção à saúde e o fortalecimento do SUS. Ademais, estudo qualitativo conduzido de forma regionalizada no estado de Minas Gerais (MG), considerado referência para esta temática, apontou lacunas, enfatizando a magnitude da temática para sustentabilidade da profissão.
Diante da relevância social e científica da temática, este estudo objetivou conhecer a percepção de enfermeiros da APS sobre a valorização no trabalho. Os resultados desta pesquisa podem subsidiar estratégias de gerenciais que possam apoiar e implementar políticas de valorização profissional.
