Percepção do Ruído e Ocorrência de Estresse em Enfermeiros

1 de julho de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Investiga a associação entre a percepção do ruído e a ocorrência de obesidade, diabetes e estresse em enfermeiros.


A exposição ao ruído em longo prazo, sobretudo ao ruído ocupacional, está associada à ocorrência de insônia, fadiga, aumento de pressão arterial, dor de cabeça, irritação, distúrbios hormonais com consequente aumento de índice glicêmico e de massa corpórea, entre outros. As unidades de terapia intensiva apresentam fontes de ruído advindas de diversos equipamentos e mecanismos que podem provocar estresse, o que por sua vez pode ser um fator desencadeador de diversas alterações metabólicas.

Percepção do Ruído e Ocorrência de Estresse em Enfermeiros

Percepção do Ruído e Ocorrência de Estresse em Enfermeiros. Foto: Divulgação

Esta dissertação tem como objetivo investigar a associação entre a percepção do ruído e a ocorrência de obesidade e diabetes em enfermeiros; verificar a percepção do enfermeiro ao ruído no centro de terapia intensiva e nos outros setores; verificar a prevalência de estresse em enfermeiros por setor analisado e verificar prevalência de obesidade e diabetes nos enfermeiros.

Estresse em Enfermeiros

Estudo transversal de natureza observacional com uso de regressão logística multivariada não condicional, cuja amostra foi constituída por 82 enfermeiros de quatro instituições hospitalares de duas cidades do sul de Minas Gerais, sendo 22 enfermeiros de terapia intensiva (CTI/UTI) e 60 de outros setores. Os dados foram coletados por meio de um questionário sociodemográfico e de saúde autorreferida composto por quatro partes: dados pessoais, informações de saúde autorreferida, dados profissionais e percepção do ruído; e de um inventário validado de estresse em enfermeiros.

E relação ao diabetes não houve nenhum caso nos enfermeiros de CTI/UTI, já nos demais setores houve uma prevalência de 8%. A obesidade obteve prevalência de 9% nos enfermeiros de CTI/UTI e 15% nos dos demais setores. Quanto à porcentagem de enfermeiros estressados obteve-se um total de 20% nos demais setores contra 14% nos centros de terapia intensiva. Sobre a percepção de ruído no setor 95% dos enfermeiros de CTI/UTI perceberam o setor como um local ruidoso contra 67% dos outros setores. Não houve diferença significativa entre a idade média dos participantes, tempo de experiência profissional e o tempo que trabalha no setor atual. No modelo multivariado mais ajustado em relação ao estresse, a variável ansiedade comportou-se como um fator de proteção para o estresse, devido RC < 1 e a exposição ao ruído fora do trabalho um fator de risco para o estresse, sendo que o indivíduo que se expõe ao ruído fora do ambiente de trabalho apresenta 9,26 vezes a chance de apresentar estresse. Em relação à percepção de ruído no setor, o setor alocado, a presença de irritação e ter sido técnico de enfermagem de CTI/UTI comportaram como fatores de risco para a percepção de ruído devido RC > 1. Isto é, o enfermeiro de terapia intensiva apresenta 9,81 vezes a chance de perceber o ruído em seu setor, o profissional que trabalhou como técnico em CTI/UTI apresenta 4,25 vezes e o enfermeiro que atribuiu irritação ao ruído apresenta 4,74 vezes.

A prevalência de diabetes, obesidade e estresse é maior nos enfermeiros dos demais setores do que nos enfermeiros atuantes em centro de terapia intensiva, sendo que a percepção de ruído no setor é maior nestes últimos. Portanto, tais resultados não permitem associar a percepção ao ruído ocupacional com a prevalência de estresse e distúrbios metabólicos em enfermeiros de centro de terapia intensiva.

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