Percepção dos Estudantes Que Desempenharam Papéis de Pacientes Simulados em Atividades Clínicas Simuladas

28 de maio de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identifica as percepções positivas e negativas dos estudantes que desempenharam papéis de pacientes simulados em atividades clínicas simuladas.


O uso de simulação clínica tem sido cada vez mais valorizado no âmbito da educação da área da saúde, tanto ao currículo de graduação como na capacitação de profissionais. Se propõe a replicar cenários reais de aprendizado, em ambientes controlados, estimulando o desenvolvimento do pensamento crítico, da avaliação clínica, da tomada de decisão o que traz ganhos a futura prática assistencial.  Nas experiências clínicas simuladas, os aprendizes podem cometer erros, refletir sobre os mesmos e corrigi-los, num ambiente seguro, que leva a autoconfiança, autonomia e independência.

Percepção dos Estudantes Que Desempenharam Papéis de Pacientes Simulados em Atividades Clínicas Simuladas

Percepção dos Estudantes Que Desempenharam Papéis de Pacientes Simulados em Atividades Clínicas Simuladas. Foto: Divulgação

Estudos também apontam que a simulação clínica permite uma melhor fixação dos conhecimentos teóricos, permite relacionar teoria e prática, identificar potencialidades e fragilidades que podem ser desenvolvidos no processo de ensino e aprendizagem, refletir sobre a ação, errar e aprender com os erros, promover satisfação e autoconfiança na aprendizagem, e preparar o aprendiz para a prática profissional.

Clínica simulada

Na prática clínica simulada, a depender dos objetivos de aprendizagem, podem ser utilizados vários recursos, que vão desde a dramatização ao uso de simuladores avançados de altas tecnologias, os quais incorporam informática e robótica. A dramatização pode ser definida como uma representação teatral determinada por um foco ou tema no qual os participantes emergem em uma situação ficcional e agem como se fossem outras pessoas ou outros seres ficcionais. Originou-se nos países anglo-saxões e tem sido difundida no Brasil nas últimas décadas. A atividade do Drama está agrupada na interação com o contexto e circunstâncias diversas, em que os participantes adotam papéis e vivem personagens distintos, assumindo domínio da situação.

Estudos têm demonstrado que o uso da dramatização possibilita ao estudante contemplar problemas e experiências relacionando a teoria e a prática, descrever e desconstruir, o que leva a aprendizagens significativas. Possibilita também promover conscientização pessoal, expressões criativas e pensamentos críticos entre os alunos quando o aprendizado envolve suas emoções. Na dramatização utilizada em simulação clínica, há diferentes tipos de técnicas a serem exploradas, entre as quais podemos destacar o role play ou jogo de papéis, o uso de pacientes simulados (simulated patients), de pacientes padronizados (standardized patients) e os modelos mistos.

A estratégia role play ou troca de papéis, consiste em uma situação em que o educando, educador e/ou instrutor desempenham diferentes papéis dentro do cenário simulado para fins de ensino e de treinamento, possibilitando experienciar diferentes emoções. Essa atividade necessita de um preparo adequado para que seja eficaz e há recomendações para obter êxito, sendo resumidas: boa preparação, designar casos desafiadores, envolver os estudantes na preparação, realizar o feedback da atividade, estimular a reflexão e manter o senso de humor. Por permitir a vivência nos casos clínicos, essa estratégia fornece oportunidades de aprendizagem, envolvendo tanto o processo afetivo, quanto o cognitivo do educando.

O drama auxilia os aprendizes a desenvolver sua confiança, autoestima, habilidades de gerenciamento e de trabalho em grupo, pois permite, experimentar diferentes papéis e explorar sua vulnerabilidade individual em um ambiente seguro, possibilitando individualmente descobrir maior auto compreensão, sendo vital para o crescimento pessoal. Pode conter explicações de ideias, argumentos, conceitos e o estudo de caso de relações humanas.

Atividades clínicas simuladas

Em simulação clínica, o role play é um dos recursos utilizados para o desenvolvimento de habilidades procedimentais e atitudinais, permitindo que os conhecimentos ensinados ao estudante sejam posteriormente aplicados em contexto semelhante aos vivenciados na prática real.

No contexto brasileiro, há uma lacuna na literatura sobre os estudos de percepções relacionadas as experiências clínicas simuladas e o uso da dramatização, especialmente quanto esta é desempenhada pelos próprios aprendizes. É válido destacar que os custos para a manutenção de atores profissionais em centros de simulação, principalmente em universidades públicas, é bastante elevado e pode inviabilizar o uso da simulação clínica nos currículos da área da saúde. Em algumas realidades, o aprendiz é convidado – voluntariamente – a vivenciar, enquanto ator, experiências simuladas materializadas em um cenário de simulação.

Compreender a percepção de sujeitos que participam de atividades clínicas simuladas – enquanto paciente simulado – é de fundamental importância para que estas variáveis contribuam no processo de capacitação dos mesmos para experiências semelhantes, para apreender o quão tais experiências contribuem para a sua formação acadêmica, e para que estratégias de apoio possam ser pensadas e estabelecidas – uma vez que estas experiências podem causar diferentes repercussões. Nessa perspectiva, este estudo tem como objetivo identificar as percepções positivas e negativas dos estudantes que desempenharam papéis de pacientes simulados (role play) em atividades clínicas simuladas.

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