Analisa o conteúdo relacionado à Covid-19 veiculado nas publicações do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).
No final de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto da doença identificada como COVID-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2), caracterizando-a como uma emergência de saúde pública de importância internacional. Em 11 de março, à COVID-19 foi classificada pela OMS como uma pandemia. E, desde então, a imprensa mundial passou a disseminar massivamente notícias a respeito da doença, cumprindo seu papel de alertar o público sobre a possibilidade de um colapso do sistema de saúde e de uma crise sanitária se- vera, que poderia gerar uma elevada morbimortalidade de milhões de indivíduos.
Todavia, no Brasil, apesar do avanço da doença pelo território nacional, a compreensão da crise sanitária que se apresentava configurava-se de maneira contraditória, especialmente em decorrência de divergências políticas e científicas entre as instâncias mais elevadas do governo. A consequência são desencontros de condutas e atitudes resultando em insegurança e incerteza na população sobre as melhores condutas a serem adotadas.
Por ampla difusão na imprensa, o presidente da República, Jair Bolsonaro, referia-se a doença como uma simples síndrome gripal, qualificando-a em diversas ocasiões de pronunciamentos oficiais e em redes sociais como uma ‘gripezinha’, e culpabilizando a mídia por aterrorizar a população. Por outro, o até então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, assumiu posição oposta dimensionando a gravidade da pandemia nos parâmetros da OMS e conclamava a população para ficar em casa para evitar a disseminação do vírus e seus impactos deletérios sobre o sistema de saúde.
Somando-se à complexidade das mencionadas rupturas na esfera do governo central e da crise sanitária e política, também se projetava uma crise social e econômica. Neste difícil contexto, teve lugar uma crise ética relacionada ao comportamento de pessoas mal-intencionadas que produziram, publicaram e compartilharam notícias falsas (Fake News) nas redes sociais, aplicativos de mensagem, e até mesmo sites, dificultando a compreensão da magnitude, características e impactos da pandemia.
Portanto, esta situação decididamente é complexa, multifacetada e grave, impulsionando os profissionais de saúde a assumirem uma posição de ancoragem em evidências científicas e a buscar fontes confiáveis de difusão da informação.
Canais que atendem critérios de confiabilidade e ampla acessibilidade estão disponíveis para os profissionais de enfermagem, dentre eles, o Portal do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que além de servir como importante fonte de consulta para instrumentalizar os profissionais da categoria, dar transparência quanto as ações e deliberações do próprio sistema, de maneira que se passa a compreender aquilo que os gestores têm realizado a partir do poder de representação que lhes foi confiado.
Por conta das mencionadas características, da problemática apresentada, e sobretudo, em função da atuação dos profissionais de enfermagem implicados neste contexto, milhares deles atuando na linha de frente do combate à pandemia este estudo se justifica, por registrar dados de um evento histórico de proporção mundial – a pandemia da COVID-19. Assim, o presente estudo tem o objetivo de analisar os conteúdos relacionados à COVID-19, veiculados nas publicações do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen).