Analisa a omissão do cuidado de Enfermagem na assistência aos pacientes hospitalizados.
Diante da complexidade do ambiente de trabalho presente em instituições de saúde, da multiplicidade de atividades exigidas na prestação da assistência ao ser humano hospitalizado e da escassez de recursos, a equipe de enfermagem, em algumas situações, sente-se impossibilitada de realizar todos os cuidados demandados pelos pacientes, podendo abreviá-los, atrasá-los ou até mesmo omiti-los. A omissão dos cuidados de enfermagem é um problema universal, com potenciais consequências negativas aos pacientes, profissionais e instituição.
O estudo tem como objetivo analisar a omissão do cuidado de enfermagem na assistência aos pacientes hospitalizados. Trata-se de um estudo transversal analítico, realizado em um hospital de ensino do estado de Goiás. Os dados foram coletados no período de abril a dezembro de 2017, por meio da aplicação do instrumento MISSCARE – BRASIL. Participaram do estudo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que atuavam em 10 unidades de internação. Foi realizada análise descritiva, de frequência simples, de tendência central e de dispersão. As diferenças na prevalência da omissão dos cuidados de enfermagem por categoria profissional foram calculadas utilizando testes de qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher. Fatores associados foram verificados por meio de análises bivariadas e multivariadas.
Participaram do estudo 267 profissionais de enfermagem, com média de idade de 43 anos, sendo 66,3% técnicos de enfermagem. A omissão de elementos do cuidado de enfermagem foi identificada, os de maiores prevalências foram: sentar o paciente fora do leito (70,3%), deambulação três vezes ao dia (69,1%) e participação em discussão da equipe interdisciplinar sobre a assistência ao paciente (67,2%). Quatro elementos do cuidado de enfermagem foram mais relatados por enfermeiros como omitidos (p< 0,05): mudar o decúbito do paciente a cada duas horas, registro completo no prontuário do paciente, cuidados com acesso venoso e infusão e atendimento à chamada do paciente dentro de 5′. Já os cuidados com lesões de pele/feridas obtiveram maior omissão pelos técnicos e auxiliares de enfermagem. As razões para a omissão dos cuidados mais prevalentes foram: número inadequado de pessoal (85,4%), número inadequado de pessoal para a assistência ou tarefas administrativas (81,6%) e aumento inesperado no volume e/ou na gravidade dos pacientes da unidade (79,8%). A maior ocorrência de omissão dos cuidados de enfermagem foi associada às unidades de internação de clínica médica e cirúrgica (p<0,05). Os profissionais que relataram satisfação com o emprego e com o trabalho em equipe omitiram menos cuidados quando comparados àqueles que referiram insatisfação (p< 0,05). Maiores números de cuidados omitidos foram associados a ocorrência de faltas ao trabalho nos últimos três meses (p< 0,05).
O estudo evidencia que cuidados de enfermagem têm sido omitidos, muitos deles por falhas sistêmicas, que devem ser eliminadas em prol da segurança do paciente. Estudos como esse comprovam que a enfermagem tem atuado em situações desfavoráveis para o cumprimento integral do processo de cuidar, demandando esforços para o planejamento e adoção de estratégias de prevenção da omissão do cuidado e melhoria da prática assistencial.