O Impacto da Capacitação do Enfermeiro na Inserção do Dispositivo Intrauterino de Cobre TCU 380a

11 de setembro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Relata o impacto da capacitação teórica e prática dos enfermeiros para realização da consulta de Enfermagem com ênfase no Planejamento Reprodutivo e Sexual e na inserção de Dispositivo Intrauterino de cobre.


Considerando a proposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) do Movimento Nursing Now, é necessário elaborar uma matriz de habilidades e competências para Enfermagem na Atenção Primária a Saúde (APS), incluindo o debate sobre as práticas avançadas. A disseminação de práticas de enfermagem efetivas e inovadoras com base em evidências científicas, em âmbito nacional e regional, visa a valorização e a contribuição dos profissionais de enfermagem na garantia e ampliação do acesso à saúde da população.

Foto: Internet.

Nessa perspectiva, e evoluindo junto com as políticas de saúde, a Enfermagem vem ganhando espaço do atendimento à demanda feminina, dentro e fora dos consultórios, disseminando informação e com responsabilidade técnico- -científica se prepara para mais um desafio: multiplicar o acesso a métodos anticonceptivos de longa duração, com baixo custo para o Sistema Único de Saúde (SUS).
No Brasil a taxa de gravidez não planejada ainda é muito alta, mesmo que estas possam ser evitadas, já havendo prevalência no uso de anticoncepcionais e a taxa de fertilidade total em declínio. Isso pode ser justificado pelo fato que a abordagem mais eficaz para evitar o não planejamento da gravidez seja por meio da educação no uso de anticoncepcionais, especificamente os contraceptivos reversíveis de longa duração (LARC) que são mais eficazes.
Dentre os tipos de contraceptivos disponíveis de forma gratuita na rede do SUS, temos o Dispositivo Intrauterino (DIU). Este dispositivo está na rede de atenção básica e hospitalar para garantir o acesso universal e antecipar ações que garantam tranquilidade para mulher e/ou casal e liberdade para exercer sua sexualidade desatrelada ao risco de uma gravidez indesejada.

Dispositivo Intrauterino de cobre

O DIU de cobre é um dos métodos contraceptivos reversíveis de longa duração altamente eficaz e com baixa taxa de falha, assemelhando-se os presentes na esterilização feminina. De acordo com a Organização Mundial de saúde, o DIU de cobre tem eficácia de 99,4% a partir da utilização correta e a fertilidade da mulher é imediatamente reversível após sua remoção. Pontua-se que é o método reversível mais utilizado em todo o mundo. Entretanto, não é muito utilizado em algumas regiões do mundo como América do Norte, Sul da Ásia, Oceania, África subsaariana e América Latina.
Embora o DIU seja o método contraceptivo mais usado do mundo, no Brasil apenas 1,9% das mulheres em idade fértil utilizam o dispositivo, segundo o Ministério da Saúde. Pontua-se que muitas barreiras são vivenciadas nos serviços de Atenção Básica a Saúde, impedindo o pleno acesso ao DIU, o que contribui para a baixa frequência de uso entre as mulheres e dificulta a garantia do direito ao planejamento reprodutivo, como o despreparo dos profissionais, além de mitos, equívocos e desinformações sobre esses métodos entre as mulheres.
O enfermeiro é um dos profissionais, que possui um papel fundamental para minimizar as barreiras vivenciadas nos serviços. Isto porque de acordo com o respaldo da Lei do Exercício Profissional No. 7.498 de 25 de junho de 1986, a assistência do enfermeiro a atenção incorpora o planejamento reprodutivo. Ressalta-se, também, que o enfermeiro está habilitado legalmente a realizar consulta clínica, pela Resolução Cofen No. 358 de 2009, estando apto ao manejo do DIU, que compreende o prescrever, inserir, avaliar e remover o dispositivo, conforme Pareceres 017/2010 e 278/2017, como ações intraconsulta.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a inserção e a retirada do dispositivo intrauterino por enfermeiros podem auxiliar na redução das desigualdades de cuidado à população em situação de vulnerabilidade, com o objetivo de ampliar a oferta deste método às usuárias do Sistema Único de Saúde. Assim, com a perspectiva de ampliação e pela legitimidade da consulta de enfermagem, o Ministério da Saúde, através da Nota Técnica No. 5/2018-CGSMU/DAPES/SAS/MS, afirma que o enfermeiro capacitado tem competência técnica para inserção do DIU; o Conselho Federal de Enfermagem emite parecer favorável dentro da legalidade das competências do enfermeiro no planejamento reprodutivo.
Dessa forma, é essencial capacitar profissionais para alcançar as expectativas quanto a necessidade de ampliação e garantia dos direitos sexuais e reprodutivos incluindo a disponibilização e oferta de inserção do DIU, possibilitando cuidados com manutenção da integridade física, ética e social, proporcionada pela equipe de enfermagem através da assistência prestada ao usuário, que só pode ser realizada por profissionais aptos e fortalecidos para executá-las.
Com isso, o presente estudo tem como objetivo relatar o impacto da capacitação teórica e prática dos enfermeiros para realização da consulta de enfermagem com ênfase no Planejamento Reprodutivo e sexual e na inserção de Dispositivo Intrauterino de cobre.
Compartilhar