Música Como Recurso Terapêutico na Assistência de Enfermagem a Vítimas de Queimaduras

19 de fevereiro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identificar o perfil sociodemográfico e de saúde das vítimas de queimaduras atendidas em uma unidade de tratamento de queimados.


As queimaduras são injúrias que afetam a vida física e emocional dos indivíduos, família e comunidade. A dor é um dos principais sintomas relatados pelas vítimas de queimaduras, no entanto o seu manejo permanece como um desafio para equipe de saúde. Nesse sentido, propõe-se estudar a música como uma terapia adjuvante no tratamento da dor nessa população.

Guideline Para o Cuidado de Enfermagem ao Paciente Queimado Adulto

Foto: Divulgação

Objetivos: identificar o perfil sociodemográfico e de saúde das vítimas de queimaduras atendidas em uma unidade de tratamento de queimados; conhecer as características dos eventos e os principais analgésicos prescritos na unidade de emergência; descrever o efeito da música na dor em vítima de queimaduras durante a troca do curativo, no tocante à intensidade, qualidade e características definidoras do diagnóstico de enfermagem dor aguda, segundo a taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association.

Método: trata-se de uma pesquisa aplicada, descritiva, exploratória com abordagem quantitativa, realizada na Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital de Urgências de Sergipe, entre outubro de 2015 e maio de 2016. A amostra foi composta por 16 vítimas de queimaduras que faziam curativo das lesões em leito hospitalar de internação e receberam analgesia de rotina cerca de 30 minutos antes do procedimento. Os sujeitos foram randomizados em três grupos: GA (ouviu música antes do curativo), GB (ouviu música durante o curativo) e GC (não ouviu música). Optou-se permitir ao paciente escolher o repertório musical.

Resultados: a média de idade dos participantes foi de 31,8 anos (±14,1). Majoritariamente, os sujeitos eram do gênero masculino (62,5%), solteiros (43,8%), pardos (68,8%) e economicamente ativos (75,0%). As lesões por queimaduras foram principalmente de segundo grau (93,8%) e atingiram os membros inferiores (68,8%). A média de superfície corporal queimada foi de 15,8% (±11,5). As circunstâncias que envolveram queimaduras ocorreram, sobretudo, no domicílio (50,0%), aos domingos (25,0%) e nos turnos manhã (37,5%) e noite (37,5%). O principal agente etiológico foi o álcool (31,3%). Todos os pacientes receberam analgesia na unidade de emergência, apesar de apenas a minoria ter a dor documentada (18,8%). A dipirona (93,8%) e o tramadol (56,3%) foram maioria nas prescrições médicas. No decorrer da pesquisa, houve predomínio das músicas religiosas (50,0%). A intervenção com música reduziu as médias da frequência cardíaca e saturação de oxigênio, porém não alterou a frequência ventilatória. Observou-se declínio da média da intensidade da dor nos grupos GB (p = 0,0505) e GC (p = 0,0055). Durante o curativo, a queimação foi característica unânime para todos os sujeitos, do mesmo modo que o autorrelato como característica definidora da North American Nursing Diagnoses Association.

Conclusão: os homens jovens, solteiros, pardos e ativos economicamente são os principais acometidos pelas queimaduras, as quais ocorrem, sobretudo, no domicílio, aos domingos e nos turnos manhã e noite, além de terem o álcool como agente etiológico predominante. Acrescenta-se que as lesões de segundo grau e em membros inferiores foram maioria. A dor foi um sintoma frequente nessa população, a qual caracterizou-a como queimação e manifestou-a pelo relato verbal, independentemente da escuta musical. Todos pacientes receberam analgesia na unidade de emergência, com destaque para a dipirona e o tramadol. Na Unidade de Tratamento de Queimados, a música demonstrou ser um efetivo recurso não farmacológico para o alívio da dor, uma vez que auxiliou no controle dos sinais vitais, reduziu a média da intensidade da dor.

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