Compreende as representações sociais do uso de mapas conceituais em grupo tutorial de estudantes de Enfermagem.
A educação em enfermagem como profissão tem sua origem a partir do final do século XIX durante a guerra da Criméia. Desde então, as escolas de enfermagem em nível mundial são idealizadas e desenvolvem seus padrões de aprendizagem, centradas no modelo biomédico e hospitalocêntrico, tendo, uma hierarquia relacionada ao conhecimento empírico da profissão.
No Brasil, a primeira escola de Enfermagem foi criada em 1923 (Rio de Janeiro) com a mesma concepção das escolas europeias. No contexto do hospital e na prática hierárquica da educação tradicional que os profissionais eram formados. Ao longo do século XX, a enfermagem se transforma e quebra diferentes paradigmas profissionais e de ensino, traduzidos nas concepções da forma de ensinar e aprender. Estas concepções buscam um modelo de ensino-aprendizagem mais humanista. Inicia-se então, a discussão sobre a dualidade entre pedagogia tradicional (centrada em armazenamento de conteúdo, sem a reflexão do sujeito que aprende sobre o que está aprendendo) e construtivista (o ensino-aprendizagem permite reflexões e um diálogo vivo com aquilo que se aprende, ou seja, os conteúdos têm que ter relação com a vida real).
Nesse sentido, as escolas de enfermagem baseadas nas leis de diretrizes de base para a educação e nas necessidades de avançar no cuidado mais holístico à pessoa e toda sociedade, ao longo dos séculos XX e XXI, tiveram seus currículos reestruturados para atender a essas demandas. Dentre os métodos de ensino construtivistas, percebe-se na área de enfermagem a adoção de diferentes modelos de ensino-aprendizagem, como: Problem Based Learning (PBL) e Metodologia da Problematização.
No PBL são constituídos grupos tutoriais, em que é apresentado um problema pré-elaborado por especialistas, vinculado ao conteúdo curricular, seguindo-se sete passos: leitura do problema e esclarecimento dos termos desconhecidos; identificação dos problemas propostos; formulação de hipóteses explicativas para os problemas identificados; resumo das hipóteses; formulação dos objetivos de aprendizagem; estudo individual e retorno ao grupo tutorial para rediscussão dos problemas com base nos novos conhecimentos.
No grupo tutorial, o papel do professor/tutor é de mediar a construção do conhecimento, a partir da consideração das experiências prévias e construções cognitivas que os alunos já trazem. Nesse contexto, o tutor, juntamente com o grupo, elege um coordenador e um secretário. Eles são as figuras centrais da dinâmica tutorial e conduzem o processo ensino-aprendizagem, ancorados na figura do tutor, que o estimulam a exercer a autonomia de tais papéis.
Já a Metodologia da Problematização consiste na observação da realidade, levantamento de pontos-chaves e seus determinantes, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade de forma a compreender desfechos do cotidiano.
No emprego de métodos ativos (PBL e Metodologia da Problematização), também é possível à utilização de estratégias pedagógicas para facilitar e otimizar o desempenho discente, são exemplos: mapa conceitual (MC), mapa mental e tempestade cerebral (Brainstorm), dentre outras. O MC, especificamente, consiste na elaboração de um esquema representativo de conceitos para a elaboração de proposições, referentes ao conteúdo a ser aprendido. A enfermagem tem se valido dessa ferramenta, pois possibilita ao aprendiz a capacidade de formulação de pensamento crítico, a resolutividade de problemas, as sínteses conceituais, a formulação de um planejamento de cuidado e a avaliação da assistência do cuidado.
As novas formas de educação devem inverter as ênfases tradicionais de ensino. Ao invés de ensinar às pessoas fatos sobre outras coisas, devemos ensinar-lhes fatos sobre elas próprias – fatos sobre a forma de como podem aprender, pensar, relembrar, criar e resolver problemas. Este modelo atual construtivista do saber tem se mostrado muito importante para liberar o potencial criativo dos estudantes e facilitar a aprendizagem significativa, oposta à memorística por recepção mecânica. Essa nova forma de aprender desperta a criatividade dos aprendizes, tornando-os mais proativos do que reativos.
Assim sendo, este estudo busca contribuir para melhor compreensão sobre o processo de ensino-aprendizagem sob a ótica da utilização da estratégia do mapa conceitual. O interesse nessa temática surgiu em um curso de graduação de enfermagem de uma universidade pública do Centro-Oeste do país, cujo currículo é estruturado na metodologia PBL e utiliza o MC como ferramenta pedagógica de apoio ao ambiente tutorial. A partir das reflexões dos alunos após o fechamento de cada tutoria acerca da primazia ou vileza de sua utilização, sentiu-se a necessidade de verificar as representações sociais desta ferramenta entre os envolvidos e registrá-las.
O presente estudo teve como objetivo compreender as representações sociais do uso de mapas conceituais em grupo tutorial de estudantes de enfermagem.