Luz Uvc Como Estratégia de Desinfecção do Ar e Superfícies Hospitalares

22 de fevereiro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia a eficácia antimicrobiana de um dispositivo fixo emissor de luz UV-C na desinfecção de diferentes superfícies do ambiente hospitalar e sua eficácia antifúngica na qualidade do ar.


Superfícies e equipamentos hospitalares constantemente podem ser considerados veículos de contaminação e consequentemente fontes potenciais de infecção. Diversos microrganismos podem estar presentes nas áreas próximas ao paciente e sobreviver nesses locais por longos períodos, tornando-as partes integrantes da cadeia de transmissão das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).

Foto: Ministério da Educação.

Isto reforça a hipótese de que locais aparentemente limpos quando sofrem negligência quanto a uma limpeza eficaz, tornam-se verdadeiros reservatórios de patógenos multirresistentes (MR). Há evidência de um aumento de 120% na possibilidade de pacientes que venham a ocupar posteriormente a mesma unidade, sejam também colonizados/ infectados por esses patógenos.
A transmissão cruzada de doenças causadas por MR pode ocorrer pelo contato direto ou indireto. Já o ar faz parte da fisiopatologia das doenças respiratórias que possuem transmissão por meio de gotículas ou aerossóis. Sistemas de ventilação, climatização, fluxo e filtragem do ar e pressão negativa interferem na capacidade e rapidez que o microrganismo tem de se espalhar no ambiente, diminuindo a contaminação aérea.

Estratégia de Desinfecção

A higienização hospitalar, compreendida aqui como limpeza e desinfecção de superfícies hospitalares e do ar, torna-se fator preponderante na dinâmica de saúde e doença do indivíduo no ambiente de assistência à saúde. Tal afirmativa vai ao encontro dos principais pressupostos de Florence Nightingale, considerados por ela como essenciais: “ar puro, água pura, drenagem eficiente, limpeza e luz”.
No que diz respeito à qualidade do ar, os fungos filamentosos com importância clínica podem estar presentes nesse meio e causar doenças fúngicas invasivas com altas taxas de mortalidade. A detecção precoce desses patógenos, a identificação de pacientes de risco, assim como medidas de prevenção e controle de transmissão são medidas essenciais e devem ser priorizadas em áreas assistenciais.
Nesse cenário, a utilização de inovações tecnológicas com técnicas “sem toque” para a higienização dos ambientes dos estabelecimentos de assistência à saúde, surge com o intuito de superar os obstáculos enfrentados pelos métodos tradicionais, que por si só parecem não atender à demanda da atualidade. Destaca-se a utilização da radiação ultravioleta.
A luz ultravioleta se refere a toda radiação eletromagnética com comprimento de onda na faixa de 100 a 400 nm, ou frequências entre 7,5 x 1014 e 3 x 1016 Hz, podendo ser dividida em três categorias, com base no comprimento de onda: UV-A, UV-B e UV-C.
Estabelecida como um antimicrobiano por quase um século, o comprimento de onda UV-C, descrita pela primeira vez em 1910, é a onda mais curta da porção de maior energia do espectro de UV. É capaz de danificar o DNA e o RNA de microrganismos através da formação de dímeros de timina/timina e, consequentemente, prejudicando o processo de transcrição que impede a replicação do DNA microbiano, ou seja, inativa vírus e bactérias.
Essa luz germicida tem uma variedade de aplicações em potencial, incluindo purificação de ar e água, proteção de alimentos e bebidas, e esterilização de ferramentas sensíveis, como instrumentos médicos.

Qualidade do processo de desinfecção

Todavia, existem alguns fatores que interferem na sua eficácia e afetam a qualidade do processo de desinfecção como a estrutura da superfície, sendo as lisas e duras as que apresentam resultados de descontaminação mais satisfatórios. O acúmulo de sujeira e matéria orgânica também alteram a ação germicida, uma vez que podem absorver fotóns ultravioletas antes que os mesmos atinjam as bactérias ativas e os vírus.
Outro aspecto relevante é a distância entre a superfície fixa e a fonte geradora de radiação UV, ou seja, quanto maior a distância entre a fonte de luz UV e a superfície, menor é o potencial de ação de descontaminação.
Frente ao descrito, o presente estudo tem como objetivo avaliar a eficácia antimicrobiana e de um dispositivo fixo emissor de luz UV-C na desinfecção de diferentes superfícies do ambiente hospitalar e sua eficácia antifúngica na qualidade do ar.
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