Reflete sobre os indícios da tradição inventada do signo da Enfermagem, conhecido internacionalmente, como a lâmpada.
O símbolo da enfermagem, conhecido internacionalmente, trata-se da lâmpada do tipo greco-romana adotada desde o século XIX. Este advém, historicamente, da participação de Florence Nightingale na Guerra da Criméia (1853-1856), apesar de ela usar uma lanterna de modelo turco para vigiar os acometidos com agravos à saúde.
Cabe esclarecer que signo é o elemento da mensagem, o qual o emissor transmite ao receptor, pois representa determinada coisa. Isto implica em entendê-lo para compreender, interpretar e analisar as necessidades do ser humano. Assim sendo, signos são classificados de acordo com a sua relação; quando direta, tratando-se de índice e, por semelhança, é ícone e convencional do símbolo.
A tríade da classificação do signo tem relação direta com o referente, que é entendido como aquele que se encontra na realidade, mas não concreto, podendo ser imaginário, fictício, sobrenatural ou até mesmo abstrato. Porém, cabe alertar que ele não é o significado entendido como o que encontramos nos dicionários. Para tanto, o índice pode ser natural e/ou artificial, por exemplo, na frase onde há fumaça há fogo; o ícone é visual, sonoro, gustativo, olfativo e/ou tátil, e o símbolo é a palavra, número, gestos, artefatos e/ou marcas. Logo, eles podem existir combinados ou não em função do signo.
Articular o signo da enfermagem nos fez remeter ao monumento erguido em homenagem a Florence Nightingale (1915), em Waterloo Place, Londres (Inglaterra), cinco anos após o seu falecimento (1910). A estátua em bronze ostenta em umas das mãos o símbolo –a lâmpada do tipo greco-romana.
O símbolo ostentado por Florence pelo movimento por ela criado, no decorrer dos tempos, passou a ser adotado pelas instituições de ensino em prol da profissionalização da enfermagem pelo mundo como Enfermagem Moderna.
Atualmente, em diversas insígnias, bandeiras, dentre outras representações simbólicas, o artefato se destaca, inclusive nos ritos institucionais em prol de manter viva a memória de Florence Nightingale. Ademais, as instituições socioculturais e regulamentadoras da profissão o aplicam. Cita-seno Brasil, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) como exemplos.
Em síntese, como podemos identificar, o signo adotado pela enfermagem refere-se a uma tradição inventada, sendo entendido como parte pertencente do conjunto de práticas reguladas por regras tácitas de natureza ritualística ou simbólica para pertencimentos de valores e normas de comportamento, pela repetição em uma das formas de ligação do passado com o presente.
Para tanto, o signo traz diversas reflexões pela sua polissemia2sobre a sua morfologia, aspecto místico e funcionalidade. Logo, tivemos por objetivo refletir sobre os indícios da tradição inventada como signo da enfermagem, conhecido internacionalmente, como a lâmpada.
Assim sendo, justificamos a proposta como ensaio teórico. Este é compreendido como submeter algo a verificação, apesar de não ser definitiva, ou seja, relativa por sua natureza. Isto apontará o aprofundamento da identidade profissional, bem como a motivação para abrir novas indagações investigativas para a profissão e, quiçá, em outros campos do saber.
Mediante ao exposto, apresentaremos alguns textos da literatura nacional e internacional como aporte teórico do campo da semiótica, comunicação, arqueologia, enfermagem e da história sobre o artefato de representação profissional para a enfermagem. Estes foram selecionados por meio da aderência ao objeto de reflexão, quando serão debatidos em prol do atendimento ao objetivo proposto.