Instrumentos Para Rastreamento Funcional e de Adesão ao Tratamento Para Idosos Diabéticos em Ambulatório de Referência

26 de fevereiro de 2025 por filipesoaresImprimir Imprimir

Rastreamento Funcional e Adesão ao Tratamento em Idosos Diabéticos: Um Estudo Informativo.


O envelhecimento populacional e o aumento da prevalência de diabetes têm levantado questões importantes sobre a saúde e a qualidade de vida dos idosos. Nesse contexto, um estudo recente buscou desenvolver e aplicar instrumentos para rastrear a funcionalidade e a adesão ao tratamento em idosos diabéticos, com foco em áreas comumente afetadas nessa faixa etária. Vamos explorar os principais objetivos, métodos e resultados dessa pesquisa, que pode trazer insights valiosos para profissionais de saúde e cuidadores.

Prevenção de Erros de Medicação Entre Pacientes Com Diabetes

Objetivos do Estudo

O estudo teve como objetivo geral compor e aplicar instrumentos para rastrear a funcionalidade e a adesão ao tratamento em idosos diabéticos, priorizando áreas frequentemente comprometidas nessa população. Os objetivos específicos incluíram:

  1. Analisar características sociodemográficas, clínicas e de adesão ao tratamento do diabetes entre idosos.
  2. Determinar a prevalência de depressão, com e sem acompanhamento médico para saúde mental.
  3. Avaliar associações entre depressão, adesão ao tratamento, características sociodemográficas e domínios funcionais.
  4. Verificar a acurácia do rastreamento de depressão utilizando a Avaliação Funcional Breve (AFB) em comparação com a Escala de Depressão Geriátrica (EDG).

Métodos Utilizados

A pesquisa foi realizada em um ambulatório especializado no interior do Estado de São Paulo, Brasil, atendendo uma população estimada em 609.249 habitantes. A amostra incluiu 124 pacientes, estratificados em três faixas etárias: 60-69, 70-79 e 80 anos ou mais. Os dados foram coletados por meio de questionários e análises clínicas, com suporte estatístico do programa SAS for Windows, v.9.4.

Foram utilizados métodos como cálculo de média e desvio padrão, frequência e porcentagem, teste qui-quadrado, modelo de regressão logística e coeficiente kappa para avaliar a concordância entre os instrumentos AFB e EDG.

Principais Resultados

Os participantes tinham uma média de idade de 72,7 anos, com 56% sendo do sexo feminino. A maioria (83,1%) morava acompanhada, seja por parceiros ou familiares, e 83,9% acreditavam poder contar com apoio social. No entanto, 62,9% residiam em domicílios com riscos de quedas, e 51,6% apresentavam cinco ou mais comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia e doenças cardiovasculares.

A depressão foi um fator significativo: 43,5% dos idosos foram identificados com depressão pela EDG, e 58,1% pela AFB. A cada aumento de 1% na hemoglobina glicada (HbA1c), houve um aumento de 30% na chance de depressão. Além disso, 88,7% dos idosos foram avaliados com baixa adesão ao tratamento medicamentoso, associada a menores rendas familiares e dificuldades de memorização.

Outros achados importantes incluem:

  • Renda e escolaridade: Idosos com menor renda e escolaridade apresentaram maior prevalência de depressão.
  • Acuidade visual: A capacidade de ler com lentes corretivas reduziu em 25% as chances de diabetes descompensado (HbA1c > 7,5%).
  • Incontinência urinária: Associada a um aumento de 5,6 vezes nas chances de depressão.
  • Memorização: A preservação da capacidade de memorização foi um fator protetor contra a depressão.

A concordância entre os instrumentos AFB e EDG foi moderada (Kappa = 0,53), com a AFB mostrando maior sensibilidade, mas menor especificidade. Por isso, recomenda-se confirmar os resultados da AFB com a EDG.

Conclusões e Recomendações

O estudo demonstrou que a aplicação de instrumentos como a AFB e a EDG é eficaz para o rastreamento funcional e de adesão ao tratamento em idosos diabéticos. Quatro diagnósticos de enfermagem foram destacados:

  1. Risco de Síndrome do Idoso Frágil.
  2. Risco de Síndrome do Desequilíbrio Metabólico.
  3. Eliminação urinária prejudicada.
  4. Risco de quedas.

A avaliação e o tratamento da depressão, da incontinência urinária e da acuidade visual deficiente podem melhorar significativamente a adesão ao tratamento e reduzir complicações em idosos diabéticos. O estudo também propôs a criação de um protótipo de instrumento para rastreamento funcional e de adesão ao tratamento, visando melhorar o cuidado dessa população.

Por Que Isso é Importante?

Idosos diabéticos enfrentam desafios únicos, como múltiplas comorbidades, dificuldades de adesão ao tratamento e problemas de saúde mental, como a depressão. Este estudo reforça a necessidade de uma abordagem multifatorial no cuidado desses pacientes, incluindo o rastreamento de depressão e a correção de déficits funcionais. Profissionais de saúde e cuidadores podem utilizar essas informações para implementar estratégias mais eficazes, melhorando a qualidade de vida e os resultados clínicos dos idosos diabéticos.

Em resumo, a combinação de instrumentos de rastreamento, atenção às comorbidades e suporte social pode transformar o cuidado ao idoso diabético, promovendo um envelhecimento mais saudável e digno.

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