Rastreamento Funcional e Adesão ao Tratamento em Idosos Diabéticos: Um Estudo Informativo.
O envelhecimento populacional e o aumento da prevalência de diabetes têm levantado questões importantes sobre a saúde e a qualidade de vida dos idosos. Nesse contexto, um estudo recente buscou desenvolver e aplicar instrumentos para rastrear a funcionalidade e a adesão ao tratamento em idosos diabéticos, com foco em áreas comumente afetadas nessa faixa etária. Vamos explorar os principais objetivos, métodos e resultados dessa pesquisa, que pode trazer insights valiosos para profissionais de saúde e cuidadores.
O estudo teve como objetivo geral compor e aplicar instrumentos para rastrear a funcionalidade e a adesão ao tratamento em idosos diabéticos, priorizando áreas frequentemente comprometidas nessa população. Os objetivos específicos incluíram:
A pesquisa foi realizada em um ambulatório especializado no interior do Estado de São Paulo, Brasil, atendendo uma população estimada em 609.249 habitantes. A amostra incluiu 124 pacientes, estratificados em três faixas etárias: 60-69, 70-79 e 80 anos ou mais. Os dados foram coletados por meio de questionários e análises clínicas, com suporte estatístico do programa SAS for Windows, v.9.4.
Foram utilizados métodos como cálculo de média e desvio padrão, frequência e porcentagem, teste qui-quadrado, modelo de regressão logística e coeficiente kappa para avaliar a concordância entre os instrumentos AFB e EDG.
Os participantes tinham uma média de idade de 72,7 anos, com 56% sendo do sexo feminino. A maioria (83,1%) morava acompanhada, seja por parceiros ou familiares, e 83,9% acreditavam poder contar com apoio social. No entanto, 62,9% residiam em domicílios com riscos de quedas, e 51,6% apresentavam cinco ou mais comorbidades, como hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia e doenças cardiovasculares.
A depressão foi um fator significativo: 43,5% dos idosos foram identificados com depressão pela EDG, e 58,1% pela AFB. A cada aumento de 1% na hemoglobina glicada (HbA1c), houve um aumento de 30% na chance de depressão. Além disso, 88,7% dos idosos foram avaliados com baixa adesão ao tratamento medicamentoso, associada a menores rendas familiares e dificuldades de memorização.
Outros achados importantes incluem:
A concordância entre os instrumentos AFB e EDG foi moderada (Kappa = 0,53), com a AFB mostrando maior sensibilidade, mas menor especificidade. Por isso, recomenda-se confirmar os resultados da AFB com a EDG.
O estudo demonstrou que a aplicação de instrumentos como a AFB e a EDG é eficaz para o rastreamento funcional e de adesão ao tratamento em idosos diabéticos. Quatro diagnósticos de enfermagem foram destacados:
A avaliação e o tratamento da depressão, da incontinência urinária e da acuidade visual deficiente podem melhorar significativamente a adesão ao tratamento e reduzir complicações em idosos diabéticos. O estudo também propôs a criação de um protótipo de instrumento para rastreamento funcional e de adesão ao tratamento, visando melhorar o cuidado dessa população.
Idosos diabéticos enfrentam desafios únicos, como múltiplas comorbidades, dificuldades de adesão ao tratamento e problemas de saúde mental, como a depressão. Este estudo reforça a necessidade de uma abordagem multifatorial no cuidado desses pacientes, incluindo o rastreamento de depressão e a correção de déficits funcionais. Profissionais de saúde e cuidadores podem utilizar essas informações para implementar estratégias mais eficazes, melhorando a qualidade de vida e os resultados clínicos dos idosos diabéticos.
Em resumo, a combinação de instrumentos de rastreamento, atenção às comorbidades e suporte social pode transformar o cuidado ao idoso diabético, promovendo um envelhecimento mais saudável e digno.