Descreve o registro da aplicação do Processo de Enfermagem por estudantes em uma Unidade de Internação Cirúrgica, visando identificar as principais fragilidades na sua implementação.
A Enfermagem, como ciência em desenvolvimento, encontra-se construindo uma base própria de conhecimentos científicos. E embora sua cientificidade seja uma questão ainda debatida, a implementação do Processo de Enfermagem (PE) por meio da Sistematização da Assistência em Enfermagem (SAE) fundamenta a profissão como ciência pela aplicação de conceitos e teorias próprias.
Com o desenvolvimento do PE, surgiram também as primeiras teorias de Enfermagem na década de 60, com o objetivo de estabelecer as bases da enfermagem como ciência e firmá-la como profissão autônoma. Entre elas, no Brasil, a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (TNHB), de Wanda de Aguiar Horta possibilitou a introdução de práticas fundamentadas no conhecimento científico.
Por intermédio de Horta, o PE começou a ser implementado nos serviços de saúde com mais ênfase. Desde então, vem sendo reconhecido como um importante instrumento para uma assistência de qualidade e incorporado nos currículos dos cursos de graduação de enfermagem.
O ensino de Enfermagem no Brasil tem suas diretrizes firmadas na Resolução CNE/CES No. 03/2001, que especifica que o profissional enfermeiro deve apresentar formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, pautada no rigor científico, intelectual e de princípios éticos. Neste sentido, o PE apresenta-se como alicerce na formação do futuro profissional, pois pauta-se em uma visão holística das situações de saúde do paciente e orienta, de forma científica, a execução do cuidado, de modo a atender as necessidades afetadas.
Atualmente, a Resolução No. 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) dispõe sobre a obrigatoriedade da implementação da SAE em ambientes públicos e privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem; e norteia a operacionalização do PE em cinco etapas: Histórico de Enfermagem (HE), Diagnóstico de Enfermagem (DE), Planejamento de Enfermagem, Implementação e Avaliação de Enfermagem (AE).
O PE é possível mediante a implementação da SAE, que corresponde à metodologia baseada em planejamento, organização e execução das ações individualizadas e sistematizadas.
O Centro Cirúrgico (CC) é considerado umas das unidades mais complexas de um hospital, devido a sua especificidade e a possibilidade de riscos à saúde inerentes a essa prática terapêutica.
Sendo o local em que eventos adversos ocorrem com maior frequência, a implementação do PE insere-se no contexto do CC como metodologia capaz de consolidar uma prestação de assistência qualificada e segura ao paciente cirúrgico; por estabelecer a comunicação eficaz entre os membros da equipe e o paciente, reduzindo os erros durante os processos de cuidado.
Desse modo, considerando a importância da formação para a implementação da SAE dentro do contexto cirúrgico, este estudo objetiva descrever o registro da aplicação do PE por estudantes em uma Unidade de Internação Cirúrgica, visando identificar as principais fragilidades na sua implementação para o reconhecimento de estratégias a serem utilizadas na superação das lacunas apresentadas pelo processo de ensino e aprendizagem na área profissional de enfermagem.