Compara o impacto do exercício físico no comportamento de idosas com Alzheimer em uma Instituição de longa permanecia para idosos.
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, que tem crescido de forma acentuada nos países em desenvolvimento. Segundo Censo do IBGE 2010, estima-se que em 2025 o Brasil se tornará o país com o sexto maior quantitativo de idosos do mundo, principalmente acima de 80 anos. Como consequência, o número de doenças crônicas-degenerativas tem aumentado, entre elas a demência. Sabe-se que as síndromes demenciais compõem o sexto grupo de doenças mais relevantes nos quesitos de funcionalidade e mortalidade de idosos. Disfunções como declínio de cognição tem sido queixas comuns relatadas por esta população que tem suas atividades de vida diárias (AVD) comprometidas.
A dependência para a realização das atividades básicas de vida diária leva o idoso a necessitar de acompanhamento e supervisão permanentes. Tornando-se necessária a adaptação dos familiares para suprir essa necessidade, seja reorganizando o cotidiano dos componentes familiares ou terceirizando o cuidado da pessoa idosa. Neste sentido a institucionalização dos idosos é uma alternativa para quem necessita de cuidados e supervisão constantes.
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) foi quem adotou a expressão “Instituição de Longa Permanência para Idosos” (ILPI) para designar o tipo de instituição anteriormente chamado de asilo. ILPI é definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283 como – instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania. A ILPI tem como atribuições: desenvolvimento de atividades que estimulem a autonomia, promoção da integração social e condições de lazer, tais como exercícios físicos, atividades recreativas e culturais.
Dentre as síndromes demenciais mais frequente entre os idosos está a Doença de Alzheimer (DA). Caracteriza-se por declínio cognitivo múltiplo, que envolve o comprometimento da memória e perda progressiva da capacidade funcional. Estudos recentes apontam que a DA tem particular importância devido às limitações que impõe ao doente, tornando patológicas as alterações fisiológicas do envelhecimento tais como, a perda progressiva das habilidades de raciocinar e memorizar, além de afetar as áreas cerebrais relacionadas à linguagem, produzir alterações de comportamento e a capacidade da pessoa para cuidar de si mesma, produzindo grande dependência. Dada a prevalência da DA e o impacto produzido na capacidade do idoso de cuidar de si, é muito comum que nas ILPI encontre-se residentes com Alzheimer nos seus diferentes estágios da doença.
A DA também produz alterações psicológicas e comportamentais manifestadas principalmente por apatia, ansiedade, delírios, agitação/agressividade, alucinações, irritabilidade, perambulação que também pode ser nomeada como comportamento motor aberrante, desinibição do comportamento e alterações nos ciclos de sono e vigília. Essas alterações de comportamento são prejudiciais ao convívio social e também a segurança pessoal, trazendo risco de quedas e lesões. Ao lidar com o idoso com DA no domicilio ou na ILPI deve-se procurar alternativas não farmacológicas para reduzir essas alterações comportamentais características da DA.
A ação benéfica do exercício físico, como um tratamento não farmacológico para a DA, tem sido demonstrada em pesquisas incluindo a redução nos distúrbios de comportamento e melhora da função motora. Em idosos, cognitivamente preservados, os benefícios do exercício físico estão bem descritos e comprovados, mas pouco se sabe sobre os efeitos em idosos com DA.
No cuidado diário é comum a percepção de que nos dias em que os idosos com DA praticam algum exercício físico o seu comportamento se torna melhor, indicando que o exercício pode trazer benefícios imediatos e não apenas a longo prazo. Estabelecer essa correlação entre o exercício físico e o comportamento do idoso com DA pode contribuir para um melhor planejamento das atividades oferecidas pela ILPI, para melhora da convivência e segurança dos idosos. Assim este estudo tem por objetivo comparar o impacto do exercício físico no comportamento de idosas com Alzheimer em uma ILPI.