Esclarece o papel da estética na organização e motivação dos cuidados ao longo história.
Os historiadores que estudaram os modos de produção, como fonte fundamental, esqueceram da incidência da estética e dos valores para explicar a existência das classes sociais no referencial do materialismo dialético, ou a subordinaram ao ideário do mesmo, como nas obras econômico-filosóficas características do marxismo.
Da mesma forma, especialidades como a história da mulher e os estudos de gênero em muito relegaram a incidência dos sentimentos, os valores e as crenças no processo de socialização laboral em geral e dos cuidados da enfermagem em particular. Referindo-se, aqui, aos cuidados, considerando a enfermagem na sua acepção mais clássica e generalizada como a arte mais antiga e a ciência mais moderna. Esse termo engloba tanto a enfermagem pré-profissional como a profissional (que abrange, como antecedentes não profissionais ao longo da história: cuidados de sobrevivência, cuidados maternais, parto, perinatal, amamentação, criação etc.).
Embora os cuidados da enfermagem nas suas diferentes fases históricas foram vinculados a estruturas: sociais como a unidade funcional (tribo, família, corporação profissional), espaciais como o referencial funcional (acampamento, hospital, centro de atenção primária) e a atores sociais que assumem o papel de cuidadores pré-profissionais e profissionais (mulher, esposa, religiosa, enfermeira) que respondem pelos padrões estéticos que determinaram diferentes formas de organizar, aplicar e interpretar os cuidados – verifica-se lacuna no conhecimento estético dos cuidados, tanto pré-profissionais como profissionais, em relação a suas correspondências estruturais, quer dizer, o sentimento de parentesco e a estrutura tribal ou familiar, ou o sentimento de maternidade, o sentimento do profissional de cuidados ou “profissionalismo” e a corporação ou família profissional. Todos eles trazem seus valores e sentimentos, associados na sua correspondente escala, seja tribal, familiar ou profissional.
Expressado de outra forma, existe grande déficit no conhecimento sobre as conexões entre os mecanismos de pressão cultural (valores, moral, mitos, tradições, sentimentos e religiões) que configuram os padrões estéticos correspondentes às estruturas envolvidas nos cuidados. Este estudo teve os seguintes objetivos: