É importante pensar estratégias de cuidado neste cenário, em que a escuta qualificada, construção de vínculo e acolhimento da PSR são ainda mais necessários, considerando a vulnerabilidade dessa população que apresenta dificuldades diversas em buscar atendimento na Rede Básica de Saúde, seja por desconhecimento dos serviços disponíveis, problemas com o sistema de filas ou encaminhamentos para outros serviços da Rede. As eCnaR são capacitadas para oferecerem atendimento de saúde diante dessas e outras demandas específicas, além de fazer a busca ativa e acompanhamento dinâmico no território.

O trabalho das eCnaR está vinculado à Rede de Atenção Básica, que por sua vez, também apresenta dificuldades em acolher as especificidades das demandas da PSR, considerando que acompanha as famílias a partir de seu domicílio delimitando o território atendido. Essa forma de organização impede o acompanhamento dinâmico desse grupo de moradores, dificultando também o seu acesso aos serviços de saúde.

Falar no trabalho das eCnaR implica, necessariamente refletir políticas públicas que deem sustentação e favoreçam a emancipação política dos sujeitos em situação de rua. Porém, no contexto atual há um desmonte das políticas públicas vigentes que dispõem de ações deterministas com medidas higienistas que inviabilizam ou dificultam o trabalho das eCnaR. É imprescindível conhecer as características dessa população, os marcadores sociais para que as diretrizes viabilizem ações planejadas e intersetoriais que deem conta da problemática.

Assegurar cuidados de saúde e assistência social deve ser o primeiro foco de atenção no contexto das políticas públicas voltadas para a PSR. No entanto, o que se observa na prática é a carência de recursos estruturais e humanos, além de recursos tecnológicos, ainda que já estejam disponíveis para contribuir na oferta e gestão do cuidado, têm sido subutilizados pelas equipes de saúde. A estratégia e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS), por exemplo, é um sistema de informação agregado à informatização das equipes com a finalidade de promover uma maior sistematização da APS, cujos registros de dados otimiza o sistema de saúde do país, apesar de não haver ainda uma análise diagnóstica do processo de informatização da APS.

Há de se considerar a potencialidade da Educação Permanente em Saúde (EPS) durante a formação do indivíduo pelo desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, da conscientização do processo de trabalho, visando melhor e maior resolubilidade dos serviços, com vistas a melhoria dos serviços prestados à população. A EPS é uma estratégia fundamental para a transformação das práticas em saúde, contribui para o cuidado à população de maneira mais assertiva, estimula as potencialidades da equipe de saúde, proporciona espaços para a reflexão da prática profissional, atualizações técnico-científicas, aprimora a comunicação com os usuários e facilita o desenvolvimento de competências. Diante de alguns dilemas no contexto da atenção em saúde voltada à PSR, aliada à pouca adesão da informatização recomendada pelo Ministério da Saúde, este estudo teve como objetivo analisar o uso da estratégia e-SUS Atenção Primária pelas equipes de Consultório na Rua, após processo de Educação Permanente em Saúde.