Em tratamento oncológico, mulheres participam de oficinas, trocam experiências e se ajudam em meio às dificuldades do processo de cura.
O tratamento contra o câncer é difícil. As mulheres em tratamento enfrentam uma doença que não afeta somente o corpo, mas também a autoconfiança e a sensação de feminilidade. Diante dessa realidade e com o propósito de ajudar as pacientes, a equipe do Instituto Nacional do Câncer do Rio de Janeiro (Inca) decidiu criar uma Oficina Resgate da Autoestima, com o propósito de criar um ambiente de cuidado e valorização pessoal no qual se pode desfrutar de atividades para elevar a autoestima.
“A Enfermagem não olha para a doença, olha para o ser humano. Esse projeto desenvolvido no INCA mostra como conseguimos enxergar os aspectos humanos nos processos de trabalho e tratamento. Isso faz toda a diferença, principalmente para quem mais precisa de ajuda”, considera a presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Betânia Santos.
Durante as consultas na enfermagem, nas diferentes fases do tratamento, as profissionais observaram como o lado emocional e a autoestima dessas mulheres ficam desestruturados. Por isso, além dos protocolos de tratamento, as enfermeiras identificam a necessidade de haver um espaço de acolhimento e de comunicação, onde as pacientes possam, principalmente, verbalizar suas queixas em relação à intimidade.
“Porque elas não encontram de uma forma fácil espaço para abordar a sua intimidade e falar sobre as suas queixas sexuais. Nós, profissionais, sabemos que os tratamentos causam diminuição da libido, menopausa precoce e um impacto grande na saúde e na qualidade de vida nessas mulheres. Então, como nós temos a proposta de cuidar do integral e abordar a sexualidade, promover a saúde dessas mulheres como um todo faz parte do cuidado do nosso Laboratório de Sexualidade de Ginecologia do Hospital do Câncer”, explica a enfermeira Carmen Lúcia de Paula.
Kênia dos Santos Bastos, 45 anos, dona de casa, é ex-paciente do HC II. Ela foi diagnosticada com câncer de colo do útero em 2016 e teve alta em 2021. Kênia era atleta, nadava, corria, pedalava, tinha uma vida normal e teve que parar com todas as atividades. “Quanto recebi o diagnóstico, mudou tudo. Meu mundo caiu. Eu não apresentava sintoma nenhum. Foi devastador. A sensação que eu tive é como se estivesse caindo em um abismo. A última coisa que eu esperava era uma notícia dessa”, recorda.
Ela diz que a dor costuma unir as pessoas. “E junto com a dor, também vêm os momentos bons de amizade e de troca de experiências. Somos uma grande família, uma apoiando a outra, na dor e na alegria”, sintetiza Kênia.
A equipe de voluntários – composta por maquiadores, cabeleireiras e floristas – é liderada pela estilista de vestidos de noiva Ana Carolina Caetano. Além das atividades de beleza, o projeto conta com palestra sobre autoestima e promoção da saúde, seguida por apresentação musical, ambas realizadas pelos próprios funcionários do hospital.