Somos aquilo que a linguagem nos permite ser, acreditamos naquilo que ela nos permite acreditar e só ela pode fazer-nos aceitar algo do outro como familiar, natural, ou pelo contrário, repudiá-lo como estranho, antinatural e ameaçador.
A história moral das enfermeiras tem sido um fator impeditivo para o seu avanço profissional. Os constructos sociais atribuídos a essas profissionais permanecem como marcas cegas frente aos avanços técnicos e científicos incorporados à sua prática cotidiana, não tendo conseguido modificar as crenças vinculadas às enfermeiras e que se tornaram imunes ao próprio processo histórico.
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A socialização das enfermeiras, em sua maioria mulheres, incorpora as assimetrias de gênero. Em virtude de serem tipicamente marcadas pelas relações sociais de dominação-subordinação, opressão e subserviência. Essas prerrogativas constituem-se em elementos fundantes da sua condição de vulnerabilidade e contribuem para uma constante desvalorização profissional.
Realizamos uma análise do conteúdo de matérias veiculadas pela mídia impressa e televisiva relacionadas diretamente ao fazer das enfermeiras. Considerando ser essa uma entidade que sintetiza o poder simbólico de produzir e reproduzir o pensamento social. Essa análise aponta para a identificação das enfermeiras com papéis sociais tradicionalmente associados aos personagens a mãe, a santa, o anjo, a sombra do médico, a mulher-objeto e a doutora-enfermeira. Posto que os mecanismos de atribuição de valor simbólico se baseiam em sua posição de subserviência a qual contribui para reproduzir e propagar o status de vulnerabilidade profissional.