Educação Permanente ou Continuada? Concepções de Enfermeiros no Cotidiano da Atenção Primária

10 de dezembro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Compreende as concepções sobre a Educação Permanente em Saúde na ótica dos enfermeiros no contexto da Atenção Primária a Saúde.


O Sistema Único de Saúde desde a sua criação transita em meio a inúmeros desafios, dentre os quais pode-se destacar a qualificação das equipes de saúde. A formação profissional é considerada uma estratégia fundamental para o desenvolvimento de práticas transformadoras nos processos de trabalho. Nessa perspectiva, vale ressaltar que, os processos formativos podem ser desenvolvidos em diferentes vertentes e situações, principalmente nas perspectivas da Educação Continuada (EC) e Educação Permanente em Saúde (EPS).

Foto: Universidade Federal do Maranhão.

Entende-se Educação Continuada como um conjunto de ações aplicadas ao processo de qualificação profissional, por meio da transmissão de conhecimentos técnico-científico, com o intuito de atualizar novos conceitos impostos pela ciência conforme necessidade individual. A prática, por sua vez, demonstra-se fragmentada e desarticulada à gestão e ao controle social, situação que compromete estratégias de mudança institucional.

Isto posto, as demandas para a educação em saúde devem estar alinhadas para além dos interesses individuais de atualização, mas, contudo, baseado nos problemas da organização do trabalho e configuração da Educação Permanente em Saúde. A partir da problematização, identificam-se oportunidades de melhorias dos serviços e necessidades de qualificação que, por conseguinte, acarretará em mudanças nos modos de agir e produzir saúde.
A Educação Permanente em Saúde se fundamenta na relação estabelecida entre aprendizagem, trabalho e atenção produzida através das vivências cotidianas dos serviços de saúde. A cidadania e a ética para o cuidado em saúde exigem o reconhecimento desta relação, com integração de conhecimentos, habilidades, saberes e atitudes alinhadas a um sistema de saúde que se ressignifica na ação-reflexão-ação.
Na atuação do enfermeiro, a compreensão sobre a diferença entre Educação Permanente em Saúde e Educação Continuada favorece o direcionamento das práticas de saúde, formação em serviço e gestão participativa. Desse modo, os profissionais se tornam protagonistas do seu fazer cotidiano, transformando contextos, construindo e desconstruindo saberes.
Dentre os serviços que compõem o SUS, a Atenção Primária à Saúde é caracterizada como a “porta de entrada’’ dos usuários no sistema de saúde. Os profissionais deste serviço, dentro de suas atribuições específicas, são responsáveis pela atenção à saúde e atuam diretamente sobre ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer a autonomia das pessoas.
Na Educação Permanente em Saúde, a organização do processo de trabalho é fator preponderante para o acesso com qualidade, garantia da universalidade da atenção e integralidade das práticas. E, de forma estratégica, aciona sujeitos para o processo de aprimoramento do trabalho em saúde.
A Educação Permanente em Saúde compreende uma temática que ainda suscita muita reflexão, embora esteja a cada dia mais inserida nos temas de estudos da Enfermagem e Políticas de Atenção à Saúde. Outrossim, o fortalecimento da política emerge da necessidade premente de que os profissionais assumam o protagonismo do processo de sua formação.
A proposição crítica e reflexiva da discussão sobre saberes, práticas e experiências nos processos formativos para enfermeiros da Atenção Primária se justifica pela necessidade de inovação nos modelos de produção de saúde, organização dos processos de trabalho, gestão e controle social. Nessa conjuntura, o estudo objetivou compreender as concepções sobre a Educação Permanente em Saúde na ótica dos enfermeiros inseridos no contexto da Atenção Primária.
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