Delirium: Intervenções de Enfermagem Dirigidas ao Adulto Hospitalizado

27 de agosto de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identifica as intervenções de enfermagem, dirigidas ao adulto/idoso hospitalizado, para o controlo do delirium.


O delirium é uma das síndromes neuropsiquiátricas mais prevalentes no contexto hospitalar, preferencialmente no doente idoso e debilitado, sendo um importante “preditor” sobre a severidade e duração do quadro clínico. Constata-se ainda associada a este, a possibilidade de um mau prognóstico, pois pode progredir para condições críticas (estupor, coma) e consequentemente para a morte se a causa subjacente permanecer sem tratamento.

Delirium: Intervenções de Enfermagem Dirigidas ao Adulto Hospitalizado

Delirium: Intervenções de Enfermagem Dirigidas ao Adulto Hospitalizado. Foto: Divulgação

Delirium

O início do delirium é caracterizado por uma alteração cognitiva aguda (desenvolve-se em questão de horas ou dias) que se manifesta pela flutuação da consciência, por distúrbios na atenção, memória, pensamento, percepção e comportamento. Também se identifica por alterações nos ciclos de sono-vigília e pelo agravamento dos sintomas durante a noite, sendo estes, intercalados com períodos de lucidez.

Pode projetar-se na forma hiperativa (agitação e alucinações), hipoativa (lentificação psicomotora, apatia, letargia) ou mista (flutuação dos sintomas entre as formas mencionadas anteriormente), sendo o tipo hipoativo o quadro mais frequente. O mecanismo fisiopatológico ainda não está bem determinado, no entanto, há uma grande probabilidade de estar relacionado com as complexas interações entre os sistemas de neurotransmissores, com processos inflamatórios ou ainda, a situações estressantes.

A presença desta alteração mental condiciona dificuldades na avaliação do doente, a nível funcional e cognitivo; impossibilita a acurácia do padrão da dor e/ou outros sintomas, uma vez que há uma perturbação na comunicação com a pessoa doente e, impede igualmente a participação desta, nas decisões que dizem respeito à sua própria condição clínica.

As primeiras referências documentadas sobre o delirium remontam há cerca de 2500 anos sendo que, no último século várias foram as terminologias usadas para se reportarem a esta alteração neurológica. Nos últimos trinta anos foram desenvolvidos vários estudos e foi possível chegar a um consenso sobre a sua nomenclatura, contudo ainda persiste na atualidade, como um dos diagnósticos mais difíceis de identificar e tratar, sobretudo nos idosos hospitalizados. Estima-se que a prevalência nesta população, possa ser de 10 a 60% e em contexto de Cuidados Intensivos esta probabilidade, aumenta exponencialmente para 60 a 80%, sendo que cerca de 32 a 66% das situações não são identificadas pelos profissionais de saúde.

Compreende-se assim a urgência em investigar o tema, pelo que, encontramos na literatura diversos estudos que pretendem determinar qual a população que apresenta delirium, em diversos cenários (lares, urgências ou unidades de cuidados paliativos), possíveis guidelines de ação para direcionar a prática, avaliando a sua eficácia perante esta alteração cognitiva, outros tentam compreender qual a percepção/conhecimento dos profissionais ou mesmo quais são as necessidades formativas perante esta temática. Ainda, e com o intuito de otimizar a identificação deste problema major foram elaborados diversos instrumentos, nomeadamente o Confusion Assessment Method, elaborado em 1990 e que atualmente é amplamente usado, em vários cenários, inclusive existe uma versão mais direcionada ao contexto de Cuidados Intensivos.

Equipe de Enfermagem

Os enfermeiros enquanto elementos da equipe de saúde que permanecem vinte e quatro horas próximo do doente encontram-se, numa posição estratégica para identificar de forma prematura esta síndrome. Um reconhecimento precoce e o tratamento do agente condicionante possibilita, direcionar as intervenções quer farmacológicas ou não farmacológicas. Contudo, assume-se que apesar de já estarem definidas algumas intervenções é premente implementá-las na prática, sendo que o tratamento farmacológico deverá ser reservado para os doentes com agitação importante, com risco de trauma físico e, que não apresentem resposta às medidas não-farmacológicas.

Pode até ser considerado comum um idoso parecer confuso, mas não deve ser considerado como algo normal, pelo que se deve investir em estudos concretos que identifiquem o risco, as manifestações clínicas do delirium e quais as intervenções adequadas perante este grupo vulnerável. Cabe assim ao enfermeiro intervir, para que a ocorrência do delirium diminua e se evite um grande sofrimento, quer para o doente, família e para toda a equipa de saúde.

Assume-se que a dificuldade em compreender a temática pode estar relacionado com a agnosia perante o tema em si, dada a sua natureza multifatorial, ou ainda, mediante quais as estratégias de prevenção/tratamento a adoptar. Admite-se que seja pertinente para o efeito, um rácio adequado, horas de trabalho equilibradas e protocolos que possibilitem identificar/tratar o delirium de forma eficaz e contínua.

Neste sentido, definimos como objetivo da presente revisão bibliográfica: Identificar as intervenções de enfermagem, dirigidas ao adulto/idoso hospitalizado, para o controlo do delirium.

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