Mostra as vivências e percepções dos enfermeiros que cuidam de pacientes com câncer que estão morrendo.
Os problemas oncológicos apresentam grande incidência mundial, podendo atingir pessoas de todos os sexos, idades, culturas e situações socioeconômicas. Câncer é o nome dado às doenças que apresentam crescimento desordenado de células, partindo-se daí para a invasão de tecidos e órgãos. Esse crescimento desordenado é caracterizado por agressividade e descontrole das células, levando à formação de tumores que podem se espalhar para outras regiões do corpo. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) estima que um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres, em todo o mundo, desenvolvam câncer ao longo de sua vida. Estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), para o biênio 2018-2019, referem a ocorrência de 600 mil casos novos de câncer, com 190 mil óbitos, correspondendo à segunda maior causa de morte no Brasil.
O diagnóstico e o tratamento do câncer refletem em prejuízo na capacidade funcional de uma pessoa, pelo impacto na sua capacidade de desempenhar atividades da vida diária e nas relações sociais, interferindo também em aspectos financeiros. Mesmo com o avanço da medicina no que se refere ao tratamento de doenças terminais ou sem possibilidades de cura, a neoplasia está quase sempre associada a uma sentença de morte pela população em geral. Trata-se de um momento de vida pelo qual ninguém deseja passar, seja em relação a si mesmo ou aos familiares e amigos.
O conceito de humanização no contexto da enfermagem relaciona-se à capacidade do profissional em perceber o paciente de forma individualizada e de acordo com as suas necessidades. Na perspectiva do paciente, o cuidado humanizado acontece quando o enfermeiro se comunica de maneira adequada, oferecendo informações sobre o diagnóstico, tratamento e prognóstico, além de promover sua autonomia. Cabe a esse profissional tentar minimizar o sofrimento dos pacientes durante a hospitalização, respeitando suas expectativas, ansiedade, medos e inseguranças.
Lidar com o sofrimento, a angustia, a tristeza e os receios que poderão surgir durante o processo de cuidar e diante da morte e morrer leva o enfermeiro a adotar estratégias de enfrentamento que podem causar repercussões psíquicas e sofrimento, refletindo no seu desempenho profissional.
Este estudo propõe-se a investigar as vivências do enfermeiro no processo de cuidar de pacientes oncológicos sem perspectivas de cura, em fase avançada da doença. Nesse sentido, alguns questionamentos nortearam a sua realização: Qual é o significado da morte para o enfermeiro que cuida de um paciente com câncer?; Como foi sua primeira experiência em cuidar de um paciente que estava no final da vida?; Como é, para ele, cuidar de um paciente que está morrendo?