Contornos da Violência na Enfermagem

27 de agosto de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Discute a violência no ambiente de trabalho da Enfermagem.


As condições de trabalho que concedem relações pautadas em desrespeito recorrem-se da relação com o capital suas contradições. A violência no trabalho é ocultada pelos modos de organiza-lo; das condições laborais estabelecidas e vetores psicossociais assumidos; da cultura organizacional que induz a reproduzir ações não éticas, contando com total tolerância dos gestores a essa perniciosa cultura da resiliência.

Contornos da Violência na Enfermagem

Contornos da Violência na Enfermagem. Foto: Divulgação

Objetivos: Discutir a violência no ambiente de trabalho da enfermagem; identificar os atos negativos que ocorrem na enfermagem e caracterizar a equipe de com relação às variáveis biosociodemográficas.

Método: Estudo transversal de caráter exploratório com abordagem quantitativa. A população alvo deste estudo foi constituída por auxiliares, técnicos e enfermeiros ativos na profissão, do Estado de São Paulo, com inscrição ativa no Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo, e e-mail válido. Foi estimada uma amostra aleatória estratificada, e cada subseção foi considerada como um estrato. Dentro de cada estrato foram sorteadas amostras casuais simples com subsequente partilha proporcional segundo categoria profissional. Os formulários para coleta de dados contemplavam dados sobre características sócio demográficas e histórico funcional e o questionário de atos negativos revisado QAN-R. Os itens do QAN-R são descrições de comportamentos negativos diretos como agressão verbal, observações ofensivas, intimidação e indiretos como, isolamento social, difamação, pressão.

Violência na Enfermagem

Resultados: A taxa de participação foi de 16,4% correspondente a 2.136 profissionais. A desqualificação pessoal e profissional foram as dimensões que apresentaram a maior média de pontuação seguida respectivamente pelo assédio relacionado ao trabalho, assédio pessoal e intimidação física. Os atos negativos mais citados foram: a exposição a uma carga de trabalho excessiva; opiniões e pontos de vista ignorados; gritos ou agressividade gratuita; supervisão excessiva do trabalho; humilhação ou ridicularização em relação ao trabalho; boatos ou rumores sobre o trabalhador, pressão para não reclamar um direito e ser obrigado a executar trabalho abaixo do nível de competência; e a intimidação física. Houve predominância dos trabalhadores do sexo feminino, com média de idade de 38,1 anos, casados, com 1 ou 2 filhos. Ao histórico funcional a maioria eram enfermeiros, ativos na profissão em tempo médio de trabalho de 11,7 anos. A percepção da violência no trabalho foi evidenciada em 96,8% quando utilizados os critérios de Leymann (1996); 59,1% com relação aos critérios de Notelaers e Einarsen (2012) e, 59,1% aos critérios de Nielsen et al., (2012).

Conclusão: Para lançar luz à violência no trabalho, é necessário que as instituições de saúde tomem consciência de suas responsabilidades quanto a avaliação dos riscos e fatores psicossociais. As formas de gestão devem ser praticadas por meio do diálogo; na exigência do respeito e reconhecimento ao outro. É imperioso que as organizações oportunizem maiores espaços de discussão, escuta e atenção no que refere aos fenômenos violentos sejam eles explícitos ou sutis.

Compartilhar