Constrói a proposição diagnóstica de enfermagem Adaptação extrauterina ineficaz.
Estudo metodológico com o objetivo de construir a proposição diagnóstica de enfermagem Adaptação extrauterina ineficaz. O estudo foi operacionalizado em duas etapas: análise de conceito e construção da referida proposição.
A primeira etapa foi desenvolvida ao longo de oito passos, a saber: escolha do conceito; determinação dos objetivos da análise; determinação dos atributos essenciais; construção de um caso modelo; elaboração de casos adicionais; determinação dos antecedentes; identificação dos consequentes; e definição de referências empíricas.
A análise do conceito Adaptação extrauterina ineficaz foi operacionalizada por meio de uma revisão integrativa da literatura nas bases de dados Medline, Scopus e CINAHL. Foram aplicados os cruzamentos dos seguintes descritores: “Adaptation”, “Physiological adaptation”, “Newborn”, “Complications”, “Respiratory system”, “Respiratory physiological phenomena”, “Body temperature regulation”, “Term birth”, “Premature infant”, “Postmature infant”, “Endocrine system”, “Nervous system physiological phenomena”, “Nervous system”, “Digestive system physiological phenomena”, “Digestive system” e “Skin physiological phenomena”, com o uso dos operadores booleanos AND e OR. A busca resultou em uma amostra de 70 estudos, que foram minuciosamente lidos para a identificação dos atributos, antecedentes e consequentes do conceito Adaptação extrauterina ineficaz.
Os resultados mostraram a identificação de três atributos: alterações fisiológicas; dificuldades; e ambiente externo ao útero materno. Os antecedentes foram: ausência de aleitamento materno, diabetes materna mal controlada, exposição pré-natal a drogas nocivas, recém-nascido pequeno para a idade gestacional, prematuridade, asfixia neonatal, injúrias cardiopulmonares, condições congênitas ou genéticas pré-existentes, clampeamento imediato do cordão umbilical, parto cesárea, nascimento sem trabalho de parto (via cesárea eletiva), ausência de assistência obstétrica durante o trabalho de parto e parto vaginal, procedimentos demorados, estressantes ou dolorosos, tocotrauma grave e ausência de medidas de aquecimento do neonato.
Os consequentes foram: bradicardia persistente, hipotensão persistente, saturação de oxigênio diminuída, reperfusão tissular maior que três segundos, necessidade de suporte ventilatório, hipoglicemia neonatal, baixa pontuação no índice de Apgar, hipotermia persistente, oligúria tardia, icterícia e comportamento desorganizado. Foi identificado, ainda, como é mensurado cada antecedente e consequente do conceito. A partir desses achados, pôde-se desenvolver a segunda etapa do estudo: a proposição diagnóstica de enfermagem intitulada Adaptação extrauterina ineficaz.
Estabeleceu-se a seguinte definição para a referida proposição: Dificuldade do recém-nascido em alcançar padrões fisiológicos ideais em relação aos parâmetros vitais necessários à sua sobrevivência, em detrimento das mudanças súbitas que ocorrem no meio externo ao útero materno imediatamente após o nascimento. Os consequentes foram traduzidos em características definidoras e os antecedentes, em fatores relacionados, condições associadas ou população em risco.
Dessa forma, conclui-se que a análise de conceito foi essencial tanto para a compreensão do evento adaptação extrauterina ineficaz, quanto para a construção da proposição diagnóstica de enfermagem e seus componentes. Outrossim, o presente estudo fornece importantes contribuições para o avanço e fortalecimento da ciência de Enfermagem.