Construção e Validação de Instrumento para Detecção do Risco do Desmame Precoce

16 de janeiro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Descreve o processo de criação e validação do instrumento para a detecção do risco do desmame precoce.


O aleitamento materno (AM) é relevante e efetivo, pois colabora diretamente para a saúde física, psicológica e emocional do lactente, proporcionando benefícios também na saúde materna, fortalecendo o vínculo entre mãe e filho, auxiliando na contração uterina e atuando desde a diminuição do estresse até a redução do risco de algumas doenças como artrite, osteoporose e câncer. Assim, considera-se o AM como uma das melhores e mais econômicas estratégias para o desenvolvimento saudável e proteção materno-infantil, repercutindo diretamente nos indicadores de saúde da população.

Foto: Prefeitura de Vila Velha.

O sucesso do AM depende de sua realização logo nas primeiras horas de vida do recém-nascido (RN), caso mãe e filho estejam em plenas condições, conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde. Do mesmo modo, o Leite Materno (LM) deve ser ofertado de maneira exclusiva, sem a introdução de qualquer outro tipo de alimento, até o sexto mês de vida, e posteriormente outros alimentos líquidos ou sólidos são permitidos de forma complementar ao LM em livre demanda, até os dois anos de idade ou mais.
O AM é considerado como uma prática biológica inata e pertencente à mãe e ao filho. Entretanto, há a influência de fatores socioeconômicos, demográficos, histórico-culturais, biológicos e psíquicos que podem favorecer a sua realização, ou pelo contrário, contribuírem para a ocorrência do desmame precoce. São exemplos: as características maternas quanto a idade, escolaridade, e condição financeira, as crenças e informações equivocadas sobre o AM; disfunções orais, baixo peso ao nascer; participação do companheiro, primiparidade, tipo de parto, preocupação com a imagem, falta de incentivo ao AM e ausência de experiência; dores ou traumas mamilares; oferta de outros tipos de leites e de alimentos.

Risco do Desmame Precoce

Devido ao desmame precoce, inúmeras consequências são desencadeadas, dentre elas, a redução da produção e consumo de LM, diminuição do ganho ponderal da criança, prejuízos no crescimento e desenvolvimento, aumento do risco de desnutrição, alergias, diabetes, obesidade, hipertensão, colesterol alto, morte por casos de diarreia, doenças respiratórias, e aumento da mortalidade infantil. As mães também podem ser afetadas, com a quebra do vínculo com o filho, e a perda da proteção, fornecida pela realização adequada do aleitamento materno exclusivo (AME), contra algumas doenças como câncer de ovários e de mama.
No Brasil, a prática do AM, principalmente o AME, não tem atendido às recomendações estabelecidas. Estudos apontam para a prevalência de apenas 53% de AME nas primeiras horas após o nascimento. Tal prevalência diminui consideravelmente ao decorrer dos meses de vida da criança, chegando aos 60% no primeiro mês, até os 40% no sexto mês. Assim, torna-se necessária a adoção de medidas que fomentem e fortaleçam ações para a melhora da situação do AM no Brasil, dentre as quais algumas tecnologias elaboradas e executadas pelo profissional enfermeiro podem ser resolutivas, objetivando assegurar, incentivar e intensificar a realização do AM.
É notório que a utilização de tecnologias em saúde, como os instrumentos validados, é essencial para o desenvolvimento de uma assistência qualificada pelos profissionais de Enfermagem, que poderão intervir precocemente, diminuindo os riscos de desmame precoce. Logo, a criação de um instrumento capaz de detectar o risco de desmame precoce, validado com o devido rigor científico, torna-se imprescindível. A partir de sua aplicação pelos profissionais de Enfermagem, será possível coletar informações relevantes que possibilitarão a detecção e consequentemente o desenvolvimento de intervenções voltadas a proteção, incentivo e continuidade do AME, permitindo a garantia dos benefícios decorrentes de sua realização.
O estudo tem como objetivo descrever o processo de criação e validação do instrumento para a detecção do risco do desmame precoce.
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