Conhecimento dos Profissionais de Enfermagem Sobre os Cuidados Paliativos

28 de julho de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia o conhecimento dos profissionais de Enfermagem inseridos em enfermarias de clínica sobre cuidados paliativos.


Na área da saúde, em especial, no mundo ocidental é possível observar uma cultura de refutação da morte, pois ela é vista como um mal a ser combatido, ao contrário de um processo natural e inevitável. Muitos profissionais da área, inclusive, esquivam-se de conversar sobre a possibilidade da morte. A omissão para um paciente que sua morte pode estar próxima torna-se uma das formas que o profissional encontra para ampará-lo. Contudo, essa é uma forma fictícia de amparo, já que sucede do empecilho de expor a verdade claramente.

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Assim, ocorrem fragilidades na abordagem do paciente e de seus familiares quando o assunto é a eventualidade da morte. Além disso, pelo distanciamento com o tema, falar sobre isso pode acarretar o sentimento de impotência diante da impossibilidade de cura provocando o falso sentimento de que nada mais pode ser feito pelo paciente e que o cuidado findaria naquele momento.
Compreende-se que o fim da vida é tema complexo, além de todas as perdas simbólicas relacionadas ao processo de adoecimento pelo indivíduo, como por exemplo: mudanças fisicas, supressão e substituição de papéis sociais e familiares, impacto sobre a vida financeira e diminuição ou mesmo restrição da autonomia; a morte é um assunto que afeta todos aqueles que o cercam.
Muitas vezes o acontecimento da morte vem acompanhado de grande pesar e dor, tanto para o paciente quanto para as pessoas ao seu redor, sejam familiares, cuidadores ou profissionais da saúde. Entretanto, mesmo diante dela ainda existem cuidados que podem aliviar o sofrimento, proporcionando qualidade de vida e respeito à dignidade ao ser humano até os últimos momentos de sua existência. Esse tipo de cuidado anunciado pelo autor está na essência do que propõem os Cuidados Paliativos (CP).

Cuidados Paliativos

Em 2002, o conceito de CP foi redefinido pela Organização Mundial de Saúde (OMS):
[…] promover a qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, o que requer a identificação precoce, avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
 É importante diferenciar CP de cuidados de fim de vida, que é aquele do qual o prognóstico alcança uma sobrevida de 72 horas a uma semana antes do falecimento. Além disso, os CP estabelecem um tipo de tratamento que se opõe a distanásia, aos procedimentos e intervenções desnecessários no fim de vida, através da procura pelo bem-estar de pacientes e familiares, cujos prognósticos indiquem doenças potencialmente ameaçadoras à vida.
É importante ressaltar que o profissional de saúde desempenha sobre o paciente uma relação de poder, não indispensavelmente com a renúncia da liberdade desse, porém com a habilidade de influenciar vigorosamente as suas escolhas. Deste modo, esse profissional desempenha o papel representado da produção da saúde e do bem-estar, contendo a habilidade de controle sobre os corpos, a vida e a morte dos sujeitos, que impassivelmente permitem que seus comportamentos sejam guiados, ainda que não tenham sido afastados do poder da tomada de ação.
Os CP englobam o sofrimento no fim da vida de forma multidimensional (físico, psicossocial e espiritual), o que implica a indispensabilidade de um cuidado que atenda todos esses aspectos. Dessa forma, os procedimentos em CP podem ser realizados por uma equipe multiprofissional composta por: enfermeiro, psicólogo, médico, assistente social, farmacêutico, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, dentista e assistente espiritual.
Dentre os membros da equipe que assiste os pacientes hospitalizados, a enfermagem evidencia-se por sua permanência e ininterrupção na prestação de cuidados, presenciando suas angústias e padecer no processo de morte e morrer. Contudo, esses profissionais nem sempre possuem conhecimento adequado quanto aos aspectos físicos e emocionais necessários para lidar com os pacientes e familiares que vivenciam o processo de morrer.
Além da falta de formação profissional voltada para o Cuidado Paliativo percebe-se que a prestação de cuidado da equipe multiprofissional não acontece em conjunto, Muitas vezes ada profissional, presta os cuidados de forma individual, sem interação com as demais áreas, fragmentando desta forma o paciente. Isso reforça a necessidade de uma formação em saúde integrada, compreendendo que os cuidados paliativos transcendem o modelo de assistência tradicional, logo pauta-se numa abordagem aos pacientes de forma holística, interdisciplinar e humanizada.
Os CP devem ser prestados conforme a Lei No. 52/2012 que trata das Bases dos Cuidados Paliativos. A lei estabelece que essa modalidade de cuidados necessita ser realizada por profissionais preparados e treinados, que garantam a promoção do bem-estar e a qualidade de vida, com atenção sobre as doenças que ameacem a vida. Recomenda-se que sejam respeitadas a autonomia, a individualidade, a dignidade e os desejos do paciente.
O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem inseridos em enfermarias de clínica de cuidados paliativos.
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